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10 I SÉRIE — NÚMERO 105

tavelmente — e nós, socialistas, lamentamos isto —, a manifestação que houve recentemente, convocada pela CGTP, na Marinha Grande, não teve a adesão que nós até entendemos que deveria ter tido.
Fique sabendo, Sr. Deputado, que os órgãos autárquicos — e eu, por acaso, sou presidente da assembleia municipal —, designadamente a Câmara Municipal da Marinha Grande, têm dado todo o apoio aos trabalhadores e ao sindicato vidreiro no sentido de ajudar a superar estas situações. Como sabe, quer no caso da J. Mortensen, JMGLASS como lhe chamou, quer no caso da Mandata, tais empresários tomaram atitudes completamente diversas das que foram tomadas por alguns outros empresários. E, nesses casos, os problemas estão mais agravados.
Evidentemente que a Inspecção-Geral do Trabalho está atenta, o Ministério de Trabalho está atento, mas, fundamentalmente, quero dizer-lhe que os órgãos locais da Marinha Grande estarão, como sempre estiveram, atentos para ajudar a resolver os problemas dos trabalhadores. Não podemos é substituir-nos aos empresários, como compreenderá. Essa é uma questão que diz respeito aos empresários.
Sr. Deputado, em relação às propaladas deslocalizações, às vezes, como sabe, são manobras de alguns empresários! Mas estaremos atentos! Estamos a procurar resolver o problema, alargando a área industrial na zona a Sul da Marinha Grande. Este é um problema que está praticamente resolvido, o que vai evitar ou pelo menos tirar o pretexto à Barbosa e Almeida de ir para a Figueira da Foz, ou para Espanha, ou para onde diz que quer ir e não quer ir de facto, porque o know-how existe na Marinha Grande; são os trabalhadores da Marinha Grande que o têm.
De qualquer maneira, quero dizer-lhe que, apesar de tudo, foi importante que V. Ex.ª tivesse trazido aqui este problema.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Osvaldo Castro, em primeiro lugar, devo concluir que reconhece, tal como nós, que a situação social é grave.
Em segundo lugar, compreendo que tenha alguma dificuldade, move-me até uma certa compreensão pela atitude do Sr. Deputado, porque desfila na rua ao lado dos trabalhadores e, sendo apoiante do Governo, não consegue que o mesmo faça mais do que ter atenção.

O Sr. Osvaldo Castro (PS): — Não é verdade!

O Orador: — E está provado que esta atenção não tem levado a nada e que as manobras e as actividades dos grupos empresariais na Marinha Grande não têm tido da parte das instituições governamentais a adequada resposta.
Em terceiro lugar, percebi, da sua intervenção, uma coisa que já se vai tornando moda no Partido Socialista, que V. Ex.ª defende a Câmara Municipal da Marinha Grande, mas já deixou de defender a posição do Governo.
Portanto, quanto a isto, estamos entendidos.
Quanto a desfilarmos na Marinha Grande e lutarmos pelos direitos dos trabalhadores, lá estaremos, com certeza! Sr. Deputado, não seja tão lesto a dizer que não há símbolos e que não há emblemas que se parecem muito com o fim do cavaquismo. Às vezes a música não é tocada pela mesma partitura, mas é a mesma música. Sr. Deputado Osvaldo Castro, lá chegaremos, e é isto que indicia a situação hoje na Marinha Grande.

Vozes do BE: — Muito bem!

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, antes de dar a palavra, para pedir esclarecimentos, ao Sr. Deputado Vicente Merendas, quero anunciar à Câmara que se encontram a assistir aos nossos trabalhos cinco colegas da Câmara de Deputados do Brasil, acompanhados de outros elementos. É uma honra muito grande tê-los connosco. Peço para todos eles uma saudação calorosa.

Aplausos gerais, de pé.

Para formular o seu pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Vicente Merendas.

O Sr. Vicente Merendas (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Fazenda, o que se está a passar no sector vidreiro da Marinha Grande é a demonstração de que este Governo só sabe governar ou em sucesso ou em crise, não há meio termo, não há aqui um funcionamento normal, como se devia verificar.
Aquando da reestruturação do sector vidreiro, os Srs.
Governantes começaram por falar em sucesso e o Sr. Deputado Osvaldo Castro, inclusivamente, falava no desenvolvimento da Marinha Grande e dizia: «Connosco acabaram as ‘bandeiras negras’».

O Sr. Osvaldo Castro (PS): — É verdade!

O Orador: — Mas, agora, voltaram as «bandeiras negras»! Agora, chegou a crise! Agora, já afirmam que há crise. E chegou de facto.
Voltaram os despedimentos e os salários em atraso; surgiram os problemas sociais a nível dos trabalhadores.
Hoje, temos a Mandata, que tem um acordo parassocial mal gerido, com atraso nos investimentos, em que o Governo, através do IAPMEI, tem graves responsabilidades; temos despedimentos na Mortensen e na Atlantis. Ou seja, hoje, quase todas as empresas do sector vidreiro da Marinha Grande têm hoje problemas sociais graves e não se verifica uma única intervenção eficaz por parte da Inspecção-Geral do Trabalho; hoje, na Marinha Grande, o que se verifica é uma grande impunidade das entidades patronais, a exemplo daquilo que se passa no País. E poderíamos dar aqui outros exemplos.
Srs. Deputados, estamos perante a total ausência de uma política económica e industrial no nosso país. O tecido industrial está a ser destruído, ou seja, estamos a perder aquilo que sabemos fazer, e esta política não pode continuar.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o

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