O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1102 | I Série - Número 028 | 19 de Dezembro de 2001

 

O Orador: - Foi graças aos votos do Bloco de Esquerda que, em Lisboa, perdemos para a direita freguesias como Lumiar, Santa Maria de Belém, Campo Grande, Anjos e Coração de Jesus.

Aplausos de alguns Deputados do PS.

A Sr.ª Maria Celeste Cardona (CDS-PP): - Vocês é que não ganharam!

O Orador: - Portanto, Sr. Deputado Francisco Louçã, perdeu o seu partido, perderam VV. Ex.as, a grande oportunidade de, ao perceberem que nestas eleições estava de facto em jogo um combate entre a esquerda e a direita -…

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Não estava nada!

O Orador: - … a esquerda representada pelo Bloco de Esquerda -, apelar ao voto na coligação «Amar Lisboa» que, como sabe, não foi só constituída por socialistas (admito que o Bloco de Esquerda possa ter, em relação ao Partido Socialista, algumas desconfianças, e tem-nas, com certeza - mas também por militantes do Partido Comunista Português. Acima de tudo, a coligação «Amar Lisboa» era constituída por autarcas que conhecem bem a cidade, que conhecem bem o concelho e que tinham provas dadas de competência, no que toca a gerir com capacidade e consciência social esta cidade, a gerir à esquerda a cidade de Lisboa.
Nesta perspectiva, não tenho de felicitar o Bloco de Esquerda, porque contribuiu para que venhamos a ter na cidade de Lisboa uma gestão que não é a nossa, mas, evidentemente, e aproveito para o fazer, o Dr. Santana Lopes pela sua vitória, que não é, repito, a nossa, e que, com certeza, vai pôr em causa tudo o que representámos na cidade de Lisboa: uma gestão de esquerda para a cidade.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.

O Sr. Francisco Louçã (BE): - Sr. Presidente, começo por agradecer a intervenção do Sr. Deputado Vítor Ramalho e por dizer que estou certo de que todas as bancadas e todos os Deputados, sem excepção, acompanham a preocupação que aqui foi manifestada por este caso horrendo do assassinato dos familiares, seguido do rapto de Hugo Viola e de Eduardo Silva.
Quero fazer um apelo para que todos, Governo ou partidos políticos, utilizem os seus contactos com Angola, o governo angolano, a Igreja angolana, as forças da UNITA, quaisquer que eles sejam, para se conseguir trazer estes jovens sãos e salvos e, desta forma, modesta, talvez possamos contribuir para que tantos outros jovens raptados possam escapar às garras desta guerra civil trágica que vem ensanguentando o país.
Sr. Deputado Miguel Coelho, creio que também o devo felicitar por ter tido a coragem de dizer o que mais ninguém se atreve a dizer.
Sr. Deputado, pensar que foi por mérito do Bloco de Esquerda e não por demérito absoluto da candidatura protagonizada por João Soares que houve um colapso político desta maioria é fechar os olhos à realidade…

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Exactamente!

O Orador: - … e, pior do que isso, é fazer o que de pior um político deve fazer na derrota: procurar bodes expiatórios para evitar a responsabilidade, que deve assumir, perante os seus camaradas, quem arrastou para a derrota.
João Soares conseguiu perder 10% dos votos. Não foi o Bloco de Esquerda.
João Soares desclassificou-se nos debates políticos, na arrogância política, no pombalismo com que pensa que pode governar a cidade e quis, até, recorrer a um apelo por um passado para pessoas que não acreditavam no seu próprio passado. Veio dizer, no sábado, como último argumento, que até queria o apoio de Cavaco Silva!

Vozes do PS: - Não disse isso!

O Orador: - Sr. Deputado, João Soares não sabia o que era a esquerda e a direita, porque era um candidato ao centro.

Protestos do PS.

Diga-me, Sr. Deputado, se entende que é responsabilidade do Bloco de Esquerda comprometer-se com o negócio da Ajuda, ou com a venda de uns terrenos no Alto do Lumiar, ou com a venda no Beato, com todos os negócios que foram feitos e que não são de esquerda!

O Sr. Fernando Rosas (BE): - Muito bem!

O Orador: - São negociatas, das quais um e outro vereador foram acusados.
A esquerda tem de parecer e tem de ser. Tem de ser capaz de lutar e de apresentar alternativas. Em Lisboa, não foi, lamentavelmente; foi na assembleia municipal, mas não foi na câmara municipal.
Veja bem a leitura das diferenças de todos estes votos e veja bem como se desenvolveu o debate político. O fracasso foi daquela candidatura, do candidato escolhido, da política escolhida.
Mas o seu pior erro, Sr. Deputado, é pensar que foi por causa dos votos «do Bloco de Esquerda». Os votos não são «do Bloco de Esquerda»! Por que é que na política portuguesa se continua a insistir, como o Sr. Deputado faz, e tantos outros fazem, na concepção monopolista de que nós temos um «curral» eleitoral, em que as pessoas são nossa propriedade?! Não são! Quem votou no Bloco de Esquerda, como quem votou no PP, no PSD, no PCP ou no PS, votou porque entendeu que essas candidaturas e esses candidatos, nesse momento, representavam as melhores alternativas. Essa é a força da democracia, é exprimir com o voto um sentido político.
Os senhores ainda não entenderam o princípio da democracia, que responsabilidade do eleitor ao fazer a sua escolha, e a escolha num ou noutro candidato não é propriedade de um partido. Os partidos têm a obrigação de apresentar os seus pontos de vista, de combater pelas suas ideias, e, seguramente, o Bloco de Esquerda, que se situa à esquerda, não defenderia, não defenderá - e não conte, Sr. Deputado, que alguma vez venha a fazê-lo - candidatos do centro, como foi a campanha desta coligação, que se fez perder, que se fez derrotar e que conseguiu tudo para ser derrotada em Lisboa.

Páginas Relacionadas
Página 1101:
1101 | I Série - Número 028 | 19 de Dezembro de 2001   Pelo contrário, se ass
Pág.Página 1101