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1145 | I Série - Número 029 | 20 de Dezembro de 2001

 

umas piadas que podem até não ser muito bem entendidas nem muito amáveis.
De qualquer modo, pedi a palavra apenas para dizer que não disse o que disse com essa intenção, nem sequer estou a pedir desculpa, porque o Sr. Deputado Mota Amaral também sabe que não foi com essa intenção. Aliás, fiquei muito contente que Vitorino Nemésio fosse aqui recordado.
Por outro lado, também sei que não foi intenção do Sr. Deputado Lino de Carvalho dizer o que disse, porque conheço o nível da sua inteligência, mas também da sua extrema e habilidosa perfídia.

Risos.

O Sr. Presidente: - Também para uma curta intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado David Justino.

O Sr. David Justino (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não gostaria de repetir os diversificados, mas justos, elogios e referências feitas a Vitorino Nemésio. Apetece-me quase invocar uma figura parlamentar que não existe, que é o desabafo, nomeadamente depois de ouvir as palavras do Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, e fazer uma pergunta, que é ao mesmo tempo um desafio à reflexão.
Com a importância, reconhecida por todos, que a obra e o papel de Vitorino Nemésio teve na cultura portuguesa e que marcou profundamente o século XX, gostaria de perceber por que é que a sua obra e o seu nome foram retirados dos programas do ensino português, quer do básico, quer do secundário.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, penso que foi muito feliz a ideia do Sr. Deputado Mota Amaral, de iniciar este momento tão significativo, porque talvez amanhã ou depois nos lamentássemos de termos deixado passar o dia de hoje sem uma referência elogiosa ao grande Vitorino Nemésio.
Se bem me lembro, foi no lustro de 1945 a 1950 que o conheci em Coimbra. Ele vivia no Tovim, em Coimbra, e havia tertúlias literárias e musicais em casa dele com relativa frequência, para onde íamos de eléctrico, no qual demorávamos meia hora, já que nessa altura ninguém tinha automóvel. E essas tertúlias eram encantadoras, não só porque, primeiro, se comia e bebia bem mas também porque o «condimento» poético e literário era encantador, pois a ele se juntavam Carlos de Oliveira, Joaquim Namorado, Fernando Namora, João Falcato, os neo-realistas encartados da época, por quem eu tinha amizade mas não o companheirismo literário, já que nessa altura ainda não tinha nascido para as letras, aliás nunca nasci para tal. Mas eu entrava com a componente musical, porque, de facto, Vitorino Nemésio tocava pessimamente viola e não tinha consciência disso.

Risos.

Ele era um ser encantador, com quem se aprendia muito; basta dizer que ele foi um dos maiores vultos da literatura não apenas açoriana mas também portuguesa. Depois de Antero, ele terá sido a minha maior referência açoriana, sem desprimor para a grande Natália Correia e outros açorianos ilustres.
Lembro-me de que ele tinha uma faceta infantil, era um nefelibata, assobiava às árvores. Ele não era deste mundo; vivia no mundo da ideias, no mundo das elucubrações. Lembro-me até de uma vez ele ter entrado no eléctrico, se ter sentado e, passada meia hora, quando se apeou, ter perguntado à mulher se ela tinha vindo no mesmo eléctrico que ele, ao que ela respondeu: «Vim ao teu lado». Ele não tinha dado por nada! Ela já estava sentada quando ele se sentou, mas ele não tinha dado por nada.
Nemésio era uma figura extraordinária e eu tive o prazer de viver a intimidade criativa da sua poesia satírica, que foi referida pelo Deputado Rosado Fernandes, e até, se me permitem, da sua talentosíssima, mas pouco conhecida, naturalmente, poesia erótica. Era um talentosíssimo poeta erótico.
Portanto, ele juntava a faceta infantil com a faceta profunda, porque foi, de facto, um dos melhores escritores da literatura portuguesa de sempre.
Lembro com saudade esses encontros no Tovim. Fiquei para sempre com uma admiração ilimitada por ele e perdi poucas das intervenções televisivas que ele deu com grande êxito, porque era, como sabem, um dialogador fabuloso. E compreendo perfeitamente que ele não preparasse as aulas, porque também não preparava os diálogos, era o que saía, ia discorrendo ao sabor das ideias e da conversa.
Foi uma figura que marcou uma época, e sinto-me muito feliz por termos tido aqui este momento de consagração de uma grande figura portuguesa e açoriana.

Aplausos gerais.

Srs. Deputados, temos a assistir aos nossos trabalhos um grupo de 31 pessoas da Associação Portuguesa de Surdos de Chelas e um grupo de jovens da Associação Almadense Rumo ao Futuro, de Almada. Uma saudação para todos eles.

Aplausos gerais, de pé.

Srs. Deputados, terminámos o período de antes da ordem do dia.

Eram 16 horas e 20 minutos.

ORDEM DO DIA

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, temos em aprovação os n.os 7 a 22 do Diário, respeitantes às reuniões plenárias dos dias 3, 4, 10, 11, 12, 17, 18, 19, 24, 25, 26 e 31 de Outubro e 7, 8 e 9 de Novembro p.p.
Não havendo objecções, consideram-se aprovados.
Srs. Deputados, vamos dar início à discussão, na generalidade, da proposta de lei n.º 101/VIII - Autoriza o Governo a legislar em matéria de propriedade industrial.
Para introduzir o debate, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Economia.

O Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Economia (Eduardo Fernandes): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A propriedade industrial está cada vez mais presente nas estratégias empresariais de uma economia mundial baseada no conhecimento e caracterizada pela globalização económica, pela virtualização dos factores competitivos e pela contínua alteração dos quadros de referência, sejam eles mercados, tecnologias, produtos ou fórmulas de negócio.

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