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1257 | I Série - Número 033 | 21 de Fevereiro de 2002

 

outros, como a reforma fiscal, vieram a ter o «beijo de Judas», como é bem conhecido.
Quero dizer, sobretudo, que os respeito e sublinho o contributo e a marca que deixaram nesta Assembleia, nomeadamente nos momentos em que com eles estive em desacordo.
Creio que é importante sublinhar que estes Deputados, trabalhadores dedicados, apresentaram claramente os pontos de vista dos seus partidos e contribuíram para aquilo que é o mais genuíno que tem de existir na esquerda: uma força plural e uma força de modernidade.
A esquerda, tal como a entendo e não penso estar enganado, pelo menos nessa matéria, deve ser fiel àquilo que sempre foi e, por isso mesmo, portadora de tempos novos. É por isso que nesses desacordos eu soube reconhecer e encontrar no António Reis ou no João Amaral figuras que se debateram, claramente, por uma transformação social que é tão importante.
Por isso, bem aventurado o Parlamento que merece este tipo de adversários e este tipo de confrontos políticos em que eles brilharam. Não queria deixar de o dizer aqui porque na próxima Assembleia eles já não estarão presentes, como, aliás, não estão hoje nesta Sala. Penso que é uma homenagem merecida e é uma homenagem necessária.
Sr. Presidente, quando está em vias de me retirar a palavra, certamente por obrigação regimental, o que faz pela última vez, não queria também deixar de dizer que me retirou a palavra tantas vezes quantas ma deu; por isso, ficámos quites e por isso lhe agradeço.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, deixe-me acompanhá-lo nas palavras elogiosas que proferiu em relação ao António Reis e ao João Amaral e, relativamente aos presentes, estendo-as ao Deputado Sílvio Rui Cervan também e a todos aqueles…
Mais quem?

Vozes do PSD: - Miguel Macedo!

O Sr. Presidente: - O Miguel Macedo penso que será por causa dos cabelos brancos…

Risos.

É capaz de ser essa a razão.
De qualquer modo, prestaram grandes serviços à democracia parlamentar, em especial ao Parlamento, e é sempre pena ver partir amigos e colegas com quem tivemos um contacto aturado durante anos, que nos levaram a admirá-los e a apreciá-los.
Queria, pois, secundar as suas palavras e render também a minha homenagem a estes quatro Deputados que foram aqui referidos e provavelmente a outros que mereciam continuar e por qualquer razão, que respeito, não podem continuar.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco de Assis.

O Sr. Francisco de Assis (PS): - Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estados, Sr.as e Srs. Deputados: Antes de começar a intervenção que aqui vou proferir, queria associar-me à saudação que o Deputado Francisco Louçã dirigiu a dois Deputados e alargá-la a outros, já aqui mencionados, que vão abandonar as funções parlamentares e que, ao longo destes anos, contribuíram para reforçar o prestígio da Assembleia da República.
Quero agradecer ao Deputado Francisco Louçã as considerações que fez acerca do Deputado António Reis, que foi vice-presidente da direcção desta bancada e que é fundador do Partido Socialista. Ele retira-se agora do Parlamento mas não da vida política portuguesa, onde vai continuar a dar um contributo muito importante para a renovação da própria esquerda, num diálogo fecundo que queremos manter com todos os seus representantes.

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Dr. Pacheco Pereira enunciou, na Convenção do PSD realizada no passado fim-de-semana, aquele que será talvez o mais minimalista mas também o mais demagógico dos programas políticos concebíveis, considerando que, em relação ao que foi a governação do PS, o PSD se deveria limitar a fazer tudo ao contrário.
É evidente que a enunciação de um programa desta natureza tem de assentar numa prévia representação caricatural da realidade portuguesa, e é isso que, infelizmente, o PSD tem vindo a fazer. Toda a sua retórica política, todo o seu discurso assenta em dois princípios nucleares: em primeiro lugar, uma enunciação puramente caricatural, uma manipulação grosseira do que é hoje a realidade do País e, em segundo lugar, uma projecção de puro ilusionismo político, enunciando um programa que é mais um contraprograma, o qual, de resto, também vai sofrendo sucessivas alterações, de acordo com as reacções da opinião pública e de alguns sectores da sociedade portuguesa às propostas que vai apresentando.
Por isso, queremos dizer aqui, de uma forma muito clara, o seguinte: reconhecêmo-nos e temos orgulho na obra realizada ao longo destes seis anos, a qual não tem nada que ver com a representação caricatural que o PSD pretende fazer da mesma. Ao longo de seis anos, fomos capazes de introduzir uma nova cultura política no País, colocando a tolerância no lugar da arrogância, o diálogo no lugar do desrespeito pelas oposições. Independentemente dos resultados das próximas eleições legislativas, esperamos que isso fique instalado na sociedade portuguesa, sendo, em grande parte, o resultado da acção do Governo e em particular do Primeiro-Ministro António Guterres.
Por outro lado, temos orgulho no essencial da acção prosseguida mas nunca cometemos o erro do autismo e não ficámos prisioneiros da contemplação do trabalho já realizado. É por isso que estamos empenhados, com uma energia renovada, em responder hoje aos desafios que se colocam ao País, que são, seguramente, sob vários pontos de vista, distintos dos que se colocavam quando assumimos funções de responsabilidade governativa, há seis anos atrás. E, a isso, o que é o PSD contrapropõe?
Verdadeiramente, esta posição do PSD não nos surpreende. Este contraprograma que o PSD tem vindo a apresentar não é mais do que o corolário de seis anos em que o PSD optou pela maledicência e nunca pelo caminho de se constituir numa alternativa credível. Ao longo de seis anos, o PSD não apresentou, neste Parlamento, propostas políticas diferenciadoras que o credibilizassem como uma alternativa com uma orientação distinta, mas igualmente respeitável, em relação à acção do Governo.
O corolário de toda esta maledicência é agora a apresentação de um programa que mais não parece ser, como hoje referia um importante dirigente do PS, o

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