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2771 | I Série - Número 066 | 12 de Dezembro de 2002

 

É que ninguém se apercebeu que 90% do País estivesse parado!
Os senhores criam uma imagem que não corresponde à realidade e depois ficam decepcionados com a "fotografia" e põem as culpas na "máquina fotográfica".

Risos do CDS-PP.

É basicamente isso que os senhores fazem a propósito desta matéria.
Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, existem, obviamente, duas visões sobre a política e duas visões sobre o sindicalismo. Nós sabemo-lo desde o início. Existe, desde há muito tempo a esta parte, um sindicalismo que é reformista, que admite as mudanças, que admite a negociação, que admite a concertação e que teve expressão quase sempre na UGT e durante algum período de tempo na CGTP, e existe um outro sindicalismo, de referência histórica marxista, revolucionário, que vê no confronto de rua e no confronto de classes, na luta sistemática de uma classe contra a outra e na possível imposição de uma qualquer sonhada ditadura do proletariado o único caminho para o avanço da história, como os senhores diriam. O que é pena é que a CGTP tenha regressado a essa posição, ficando contra a história e fora de um processo histórico normal, que é o de aproximar a legislação portuguesa da dos outros países europeus.

Vozes do CDS-PP e do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Foi isso, rigorosamente, que aconteceu.
Disse o Sr. Deputado que o Ministro fica fragilizado. Creio que não. Creio que o Ministro fica claramente reforçado.
Disse ainda o senhor que na rua perderemos este combate. Sr. Deputado, na rua poderemos enfrentar todos os combates, inclusive aquela "estrondosa" manifestação de ontem da CGTP que, por junto, tinha umas larguíssimas dezenas de pessoas…

Risos do CDS-PP.

Estamos prontos a enfrentar tudo na rua. Só que os senhores, na rua, reclamam sempre vitória, ganham sempre, mas quando chegam às urnas e aos votos não ganham, não governam, nem nunca terão hipótese de fazer reformas neste País.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

O Sr. Presidente: - Também para proferir uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Patinha Antão.

O Sr. Patinha Antão (PSD): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O País viveu ontem a sua quarta greve geral. Importa hoje apreciar com objectividade como ela decorreu, examinar com serenidade o seu significado, a sua motivação sindical e a sua utilização para fins políticos. Importa ainda enquadrar o seu contributo na discussão pública em curso da proposta de lei do código de trabalho que a Assembleia da República promoveu e que termina no próximo dia 8 de Janeiro.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os factos não mentem. E o primeiro facto a assinalar é que a greve geral de ontem nada teve de greve geral. Foi uma greve parcial, e bem mais parcial do que se pode pensar à primeira vista.
Foi uma greve parcial porque foi declarada apenas por uma central sindical, mas foi também uma greve parcial porque apenas registou uma adesão forte nas empresas públicas de transportes e de alguns outros sectores e uma adesão significativa na Administração Pública. E, mesmo assim, na Administração Pública a adesão saldou-se por metade da que ocorreu na greve da função pública de 14 de Novembro.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): - Claramente!

O Orador: - Por outro lado, no sector privado, onde trabalham mais de 80% dos portugueses, a greve foi claramente um fracasso - ela fez-se sentir apenas em 10% na indústria, em 5% no comércio e em pouco mais do que 0% na agricultura.
O segundo facto a assinalar é que a greve afectou muito mais pessoas do que aquelas que a ela aderiram.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): -Muito bem!

O Orador: - Isso ficou a dever-se, desde logo, àquilo que na gíria sindical se designa pelo efeito dos sindicatos "trombose". São sindicatos cujos trabalhadores exercem funções estratégicas, nomeadamente no sector dos transportes e noutros de vocação transversal como a banca, a energia e as telecomunicações. Quando eles paralisam as suas empresas paralisam e, se elas são transversais, paralisa a economia em geral.
Ora, o País acordou ontem, num dia particularmente chuvoso, com os transportes públicos paralisados em Lisboa porque os maquinistas da CP e do metro e os motoristas da Carris aderiram à greve.
Os agulheiros do céu dos aeroportos de Lisboa e de Faro fizeram o mesmo e até os bombeiros do aeroporto do Funchal outro tanto.
Ao fazê-lo, quase todos os comboios e autocarros pararam e muitos aviões não aterraram nem levantaram voo, forçando trabalhadores seus colegas a aderirem à greve, quer o quisessem fazer ou não.

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Houve ainda uma outra manifestação significativa deste efeito sindical de trombose. As educadoras de infantários públicos realizaram, também neste dia de ontem, a sua quarta greve desde há três meses e o fecho de muitos destes estabelecimentos obrigou trabalhadores com filhos pequenos a faltar ao emprego para ficarem com os filhos.

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - O terceiro facto importante a assinalar foi a forma como a generalidade dos portugueses reagiu à greve e se adaptou aos seus inconvenientes.
Deu-se uma prova de civismo exemplar e de respeito integral pelos direitos de quem fez greve e de quem não quis fazer.
Não aconteceu entre nós nada do que aconteceu há pouco tempo, por exemplo, numa greve geral em França.

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