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4641 | I Série - Número 110 | 11 de Abril de 2003

 

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, refiro-me à questão dos jornalistas (à qual aludi ontem, em declaração política) que, no exercício da sua profissão, para trazerem a verdade ao mundo, através da sua palavra e das imagens, foram criminosamente baleados e mortos nesta guerra. E este é um crime de guerra, que, como ontem defendemos, não pode ficar impune e tem de ser julgado.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - Muito bem!

O Sr. António Filipe (PCP): - Muito bem!

A Oradora: - Coisa bem diversa é o voto apresentado, de uma forma verdadeiramente afrontosa e com uma desvergonha incomensurável, pela direita parlamentar.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

É um voto que ousa, em relação a uma guerra ilegal, ilegítima e injusta, fazer tábua rasa…

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Vá dizer isso aos iraquianos!

A Oradora: - … dos milhares e milhares de seres humanos que pereceram, vítimas de um conflito de que eram, pura e simplesmente, inocentes.
É verdadeiramente espantoso que a direita, que, quando lhe convém, ergue a sua voz em nome da vida, despreze, de uma forma brutal, esse valor tão precioso e nada diga sobre os milhares de inocentes que morreram desnecessariamente…

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - Muito bem!

Vozes do BE: - Muito bem!

A Oradora: - … numa guerra injusta, que continua a matar, que deixa milhares e milhares de órfãos, que deixa crianças a sofrer e que vai deixar, naquela terra, uma marca imensa de sofrimento que durar muitos e muitos anos.

Aplausos de Os Verdes, do PCP e do BE.

O voto apresentado é verdadeiramente espantoso, Srs. Deputados, porque apaga, pura e simplesmente, a história e ousa dizer que todos, nesta Câmara, fomos partidários da paz, quando uma parte significativa foi, desde o início, incondicional apoiante da guerra e desta agressão militar.

O Sr. António Filipe (PCP): - Muito bem!

A Oradora: - Por isso, aquilo que, neste momento, nos resta esperar é que a comunidade internacional, com a pressão constante e que se manteve ao longo deste tempo de milhares e milhares de cidadãos de todo o mundo, seja capaz de apelar ao bom senso e de pressionar aqueles que manifestamente o não têm, de que não é a guerra, nem as bombas, que permite fazer a paz.
Não era preciso fazer a guerra. Ela foi feita em nome de interesses que nada, seguramente, tinham a ver com a liberdade, com o fim da ditadura, que todos desejávamos. Mas, para se atingir o fim da ditadura e do desarmamento, como, aliás, bem se viu, não era necessário esta violência e o retorno à barbárie.

Aplausos de Os Verde, do PCP e do BE.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero referi-me, em primeiro lugar, aos votos sobre os jornalistas mortos e vítimas de agressões ou de prisões no Iraque.
Retomando o que expressamos ontem, em declaração política, trata-se, como já foi qualificado por diversas instituições, de um verdadeiro crime de guerra que não tem explicação, nem de perigosidade nem de admissibilidade, o facto de aquele hotel ter sido considerado um alvo militar. Sendo, sem dúvida, a cobertura noticiosa objectiva do que se estava ali a passar já difícil pelas restrições impostas pelas autoridades iraquianas, a situação agrava-se com esta intimidação, inaceitável, das tropas norte-americanas. Cumpre perguntar: quem não quererá informação objectiva sobre esta matéria?
Quanto ao voto de congratulação pela libertação do povo iraquiano, apresentado pela maioria parlamentar, é preciso dizer que ninguém fica triste com o desaparecimento do ditador Saddam Hussein…

Vozes do CDS-PP: - Oh!…

O Orador: - … mas também que rápidos foram alguns em se arvorarem em porta-vozes dos sentimentos do povo iraquiano.
Este é, em primeiro lugar, um voto do esquecimento, porque não faz qualquer referência às atrocidades da guerra, ao facto de ela ser unilateral, de ser uma ingerência de uma potência sem mandato das Nações Unidas, de visar defender interesses que nada têm a ver com a democracia ou com a paz.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

Mas este voto é, em segundo lugar, o voto da hipocrisia, porque fala das garras e dos símbolos do controlo ditatorial, da opressão e do jugo ditatorial, mas os seus proponentes só descobriram estas questões, ao que se sabe, após 1990. Portanto, têm uma visão da história muito dividida no tempo: entre o tempo em que Saddam Hussein era aliado dos Estados Unidos da América e aquele em que deixou de o ser.

A Sr.ª Luísa Mesquita (PCP): - Exactamente!

O Orador: - Nunca tivemos hesitações nesta matéria. Sempre condenámos esta ditadura sanguinária e com a mesma veemência o fizemos neste momento da guerra!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Perguntam alguns o que teria acontecido se tivesse havido a paz, nestes últimos dias ou semanas.

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