O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4107 | I Série - Número 075 | 16 de Abril de 2004

 

Foi nas publicações Europa-América, designadamente na sua colecção de livros de bolso, que muitos de nós tomámos contacto com os grandes livros da literatura e da cultura universais que a censura autorizava e que a PIDE não apreendia.
Mas foi também nas publicações Europa-América, nos livros entregues por baixo do balcão, que tomámos conhecimento e lemos os livros proibidos pela ditadura de autores como Jorge Amado, Soeiro Pereira Gomes ou Alves Redol, entre tantos outros.
Com o falecimento de Lyon de Castro, Portugal perde uma figura marcante de democrata e de homem de cultura.
O Grupo Parlamentar do PCP manifesta a sua homenagem à figura de Lyon de Castro e presta à família os seus sentimentos de solidariedade.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Francisco Lyon de Castro é e será seguramente sempre lembrado como um antifascista, como um resistente, como um homem de princípios.
Mas Lyon de Castro, como editor e livreiro, foi, sobretudo, alguém que, tendo-se ou não consciência disso, marcou gerações e gerações, influenciando, através do livro, milhares e milhares de portugueses ao longo de anos.
Porventura de modo subversivo, através do livro, através do contacto com os grandes nomes da literatura, através do desvendar, pela escrita, de horizontes que um país obscurantista, fechado e triste não permitia ver, Lyon de Castro fez do livro e da cultura uma constante e a sua trajectória e escolhas foram em prol da liberdade. Cultura é liberdade, cultura é a luta pela liberdade.
É por essa via, e não porventura por outra, e tendo também em conta a aposta, depois do 25 de Abril, nos jovens escritores, que a sua marca ficará para sempre, de forma incontornável, nos milhões e milhões de portugueses que, nas edições Europa-América e, através delas, em Lyon de Castro, descobriram muitos horizontes, que rasgaram muitos dos seus pequenos espaços fechados em que durante muito tempo foram obrigados a viver e que descobriram, através da escrita e do seu prazer, valores da maior importância para o desenvolvimento dos seres humanos.
Por isso, gostaria, em nome de Os Verdes, de me associar a este voto e de dizer que Lyon de Castro será sempre fundamentalmente um homem de liberdade e de cultura.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.

O Sr. Luís Fazenda (BE): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Exprimimos o nosso pesar pelo falecimento de Francisco Lyon de Castro, cidadão insubmisso, longamente insubmisso, à ditadura e também a qualquer unicidade de pensamento ou de arte. Foi um homem de espírito aberto, com visão, com um espírito empreendedor, promotor da leitura, da literatura, de um encontro, na sua editora, de literaturas muito desencontradas, o que constituiu uma marca de universalismo, que impregnou gerações e gerações de portugueses.
Francisco Lyon de Castro, ao falecer, deixa-nos o exemplo da sua convicção democrática e antifascista, a forma sempre corajosa como enfrentou as adversidades políticas e todas as outras contrariedades ao longo da sua vida.
Podemos apenas, neste momento, curvar-nos em sua memória, deixar um manifesto de respeito e de dor e endossar as nossas condolências à família enlutada, aos amigos e à própria democracia.

O Sr. Presidente: - Sr.as e Srs. Deputados, a Mesa associa-se convictamente às palavras que aqui foram dirigidas em memória de Francisco Lyon de Castro, que merece, sem dúvida alguma, o nosso maior respeito.
Proponho que se proceda à votação conjunta dos dois votos apresentados, já que manifestamente convergem nos seus objectivos.

Pausa.

Srs. Deputados, vamos, então, votar em conjunto os votos n.os 147/IX (PSD e CDS-PP) e 148/IX (PS) - De pesar pelo falecimento de Francisco Lyon de Castro, fundador das publicações Europa-América.

Páginas Relacionadas
Página 4108:
4108 | I Série - Número 075 | 16 de Abril de 2004   Submetidos à votação, for
Pág.Página 4108