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4834 | I Série - Número 088 | 14 de Maio de 2004

 

Este homem, que ajudou ao desenvolvimento da sociedade portuguesa, não num gesto de última hora mas, sim, num gesto de enorme generosidade, quis ter também um sentimento de retribuição para com a sociedade a que se dedicou. É algo que é relativamente habitual noutros pontos do mundo, muito pouco habitual em Portugal, e que por isso mesmo merece ser sublinhado e enaltecido. É uma dádiva para com a sociedade, é um gesto de generosidade dos mais nobres que se podem ter.
Nesta ocasião quero ainda salientar algo que é significativo, do ponto de vista pessoal mas julgo que também para a toda a Câmara, que é o facto de a Sr.ª Presidente neste momento em funções ter sido a escolhida para presidir à fundação referida. Como amigo, como seu colega, e julgo que em nome de todos, quero por essa decisão exprimir uma palavra de congratulação.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Em tudo o mais, com toda a sinceridade e convicção, em nome pessoal e em nome do Governo que represento, quero aqui expressar este preito de homenagem, justo, à figura e à pessoa do Sr. António Champalimaud.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Srs. Deputados, quero associar-me, em termos pessoais, às palavras de homenagem que foram ditas sobre o Sr. António Champalimaud e apresentar condolências à sua família.
Srs. Deputados, vamos, então, proceder à votação do voto n.º 162/IX - De pesar pela morte de António Champalimaud (PSD e CDS-PP).

Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor PSD, do PS e do CDS-PP, votos contra do PCP e do BE e a abstenção de Os Verdes.

É o seguinte:

Se há pessoas com uma intervenção decisiva na economia portuguesa, António Champalimaud foi uma delas.
Foi-o pelo seu espírito aberto, independente e empreendedor, que o levava a lutar contra proteccionismos de vária ordem, que tolhiam o desenvolvimento em Portugal.
Assim, sempre pugnou contra o condicionamento industrial e a favor de uma legislação amiga da economia, sem mecanismos burocráticos e inúteis, que impedem o livre exercício da actividade empresarial.
Foi-o, também, pela sua visão estratégica, que prefigurou uma Europa unida e o levou a organizar as suas empresas para concorrer num mercado alargado.
Foi, à época, um defensor do Mercado Comum.
Foi-o, ainda, pelo modo como procurou que a suas empresas tivessem uma massa crítica e uma dimensão que lhes permitisse um são desenvolvimento, num mundo cada vez mais competitivo.
Apesar da sua estreita ligação à actividade financeira, António Champalimaud foi sobretudo um industrial.
O seu dinamismo estendeu-se aos sectores da siderurgia, da metalomecânica pesada, do papel e da química e o núcleo essencial da actual indústria cimenteira portuguesa proveio das empresas que liderava.
As suas empresas estavam equipadas com tecnologias avançadas e foi capaz de instalar, na fábrica de Alhandra, o maior forno de cimentos do mundo.
Fundou e desenvolveu empresas industriais em Portugal, em Angola, em Moçambique e no Brasil.
Criou emprego e trouxe progresso económico.
Banqueiro, soube utilizar a Banca como alavanca para a indústria e a actividade económica, e não apenas com a finalidade de mera intermediação financeira.
E soube fazê-lo, sem pôr em causa a solvabilidade das instituições que liderava, a qual prezava acima de tudo.
Procurou fazer um grande Banco, em Portugal, com dimensão internacional, através da junção do Banco de que era accionista principal, o Sotto Mayor, com o Banco Português do Atlântico, prenunciando, assim, todo o movimento de concentrações que se haveria de verificar décadas depois.
Igualmente na linha do condicionamento ao exercício da actividade económica, foi impedido de desenvolver o seu grande projecto de Sines.
Dono de empresas, mas considerando que a propriedade não lhe dava o monopólio da razão, sempre

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