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5243 | I Série - Número 095 | 17 de Junho de 2004

 

personalidade do Deputado Lino de Carvalho.
Creio que vivemos hoje um momento em que o registo destes exemplos daqueles que até há pouco estiveram entre nós é importante, para tirarmos também desses exemplos alguma utilidade para a nossa própria prática diária na vida parlamentar.
Nunca lhe ouvi um excesso ofensivo em relação ao adversário, por isso era sempre possível sairmos daqui e, como amigos, tomarmos um copo, conversarmos e trocarmos impressões sem qualquer animosidade. Durante 17 anos foi possível aprofundar esta amizade.
Como já disse em declarações públicas que fiz logo após a sua morte, esta não é apenas a perda de um colega, de um adversário leal, é a perda de amigo.
Quis o destino que um filho dele, de quem falava com tanto carinho, se tivesse cruzado com um filho meu numa universidade estrangeira que ambos frequentavam, sendo hoje tão amigos quanto eu o era do Deputado Lino de Carvalho. A homenagem para mim mais confortante nesta ocasião seria a de a amizade do filho dele com o meu filho ter a mesma intensidade e perdurar como aquela que se cimentou entre nós.
Ao Partido Comunista Português e à família do Deputado Lino de Carvalho quero, em nome pessoal e do Grupo Parlamentar do PSD, apresentar, do fundo do coração, as mais sentidas condolências.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É complicado falar de alguém que nos marcou e influenciou de uma forma tão grande neste Parlamento.
O Lino era uma pessoa inconfundível na força das suas convicções, na paixão que colocava na defesa dos ideais que o acompanharam toda a vida e que fizeram dele um dos muitos, mas lamentavelmente cada vez menos, colegas nossos que tiveram a possibilidade de, no passado, lutar pela liberdade, pela democracia, contra a ditadura.
O Lino era alguém cujo desaparecimento deixa uma tremenda tristeza e um imenso vazio. Um vazio que não é só o de uma cadeira que não tem alguém sentado, é o vazio deixado por alguém generoso, alguém que dignificou este Parlamento e o exercício do mandato como Deputado à Assembleia da República, alguém cuja voz, força e convicção foram extraordinariamente impressivas. Para quem entrava neste Parlamento Lino de Carvalho teve uma influência muito grande e foi, seguramente, um sinal, alguém que influenciou e que deixa uma marca de grande amizade e de grande respeito.
Lino de Carvalho é também alguém que ficará para sempre ligado à história do Alentejo. Um Alentejo onde ele não nasceu mas que ele abraçou, como abraçou a reforma agrária e o movimento cooperativo, sobre os quais, no entanto, foi capaz de manter, como sempre manteve em relação a tudo, a lucidez das convicções mas também a capacidade de questionar a forma de as defender ao longo do tempo.
Julgo que essa inteligência, essa capacidade de olhar o mundo e de ser aberto às transformações, a paixão com que ele viveu a vida no plano pessoal e no plano político são, seguramente, uma marca que deixa em todos nós. Por isso, em nome de Os Verdes e em nome pessoal, porque perco um grande amigo, quero dizer que a sua marca decisiva ficará seguramente - quer no plano pessoal quer do ponto de vista da influência que julgo que ele teve neste Parlamento - e para sempre nesta Câmara.
Gostaria, neste momento, de endereçar à Ana, sua mulher, e aos seus dois filhos, dos quais ele falava sempre com tanto amor e tanto orgulho, uma palavra de pesar por uma perda seguramente muito grande e pelo vazio que Lino de Carvalho deixa, que penso devermos respeitar lembrando a forma como ele foi capaz de fazer política: com lealdade, com convicção, com entrega e com paixão, nunca permitindo que isso, de algum modo, interferisse no outro plano, o das relações pessoais.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estas intervenções são das mais difíceis que nos cabem fazer e em relação às quais não nos afastamos de alguma emotividade.
Gostaria de dizer, em relação à morte do Deputado Lino de Carvalho, que morreu um grande Deputado e um grande político do nosso país. Esta é a primeira palavra de respeito que devemos a um adversário político.
Logo após a sua morte, foi publicado um artigo, que guardei porque, penso, descreve um pouco o Lino de Carvalho, com o seguinte título: "Um polemista temível que nunca virou a cara a um debate político". É rigorosamente verdade! O Lino de Carvalho era, de facto, um polemista temível - nós, que fomos seus adversários, sabemos isso melhor do que ninguém - e um político corajoso, que nunca virou a cara a um debate.
Por isso, as palavras que gostaríamos de deixar hoje são, em primeiro lugar, de respeito. Palavras de respeito perante um adversário do qual discordámos muitas vezes ao longo do nosso percurso político

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