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5245 | I Série - Número 095 | 17 de Junho de 2004

 

a graça e a simpatia de convidar a Ministra das Finanças, a Dr.ª Manuela Ferreira Leite, para um fim-de-semana no Faial, a fim de a convencer da urgência em reequipar uma divisão das Finanças com os computadores que tanta falta aí faziam. E bem sabemos que a convenceu, bem sabemos que, dessa forma, conseguiu que esse problema fosse resolvido.
Ele queria resolver problemas, queria apresentar soluções e fazia-o com todas as armas da intervenção parlamentar. Por isso foi, e é, respeitado.
Era talvez uma daquelas raras pessoas que pode estabelecer as pontes da inteligência e do diálogo, que está disposto a ouvir, que quer ouvir, que quer conhecer e que, por isso, são tão fundamentais para a evolução da esquerda e para a evolução da política nos dias de hoje.
Ao longo destes cinco anos tenho a agradecer à Assembleia da República ter tido o privilégio de me sentar ao lado de Lino de Carvalho. Conhecia-o da memória da luta antifascista e de o ver como um dirigente destacado da oposição, conhecia-o das páginas dos jornais. Aprendi, durante estes cinco anos, a conhecê-lo como um grupo de amizade que aqui se foi formando. E sabia, como, aliás, já foi referido, do imenso orgulho que ele tinha pela política, pela devoção, pela persistência, pela insistência e pelo trabalho que estava a fazer, bem como do imenso orgulho que tinha pelos seus dois filhos. Aliás, o seu filho apresentou no seu funeral um texto de homenagem ao pai que é, porventura, a página mais vibrante que se pode escrever sobre Lino de Carvalho.
O Vasco está a fazer o doutoramento na universidade mais difícil do mundo, a Faculdade de Economia de Chicago, e o pai tinha um imenso orgulho pela forma como ele vencia na América e como ele vencia a América. O Carlos segue as mesmas pisadas. De ambos o Lino de Carvalho tinha um orgulho sem limites e um prazer imenso no trabalho que eles fazem na ciência que ele também tinha abraçado.
Se é certo que se pode dizer que todos nós, em algum momento, seremos vencidos pela morte, podemos lamentar que o Lino de Carvalho tivesse sido vencido tão cedo, e temos, certamente, que o fazer. Mas de muito poucos, de raríssimos, pode dizer-se que venceram na vida; do Lino de Carvalho pode dizer-se que venceu na vida!
Se há um símbolo da luta pela liberdade antes do 25 de Abril e da luta pela liberdade depois do 25 de Abril, que é o cravo vermelho, nós sabemos que em cada pétala desse cravo há sempre uma memória vermelha de Lino de Carvalho, dirigente comunista, Deputado, militante, social, amigo e camarada.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares (Luís Marques Mendes): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A Assembleia da República presta hoje uma homenagem justa e merecida ao Deputado e Vice-Presidente Lino de Carvalho.
Quero, em meu nome pessoal e em nome do Governo, associar-me a esta homenagem justa e merecida.
Desde logo, a homenagem a um político que fazia política com inteligência, de uma forma corajosa e combativa. A inteligência, a combatividade e a coragem eram, de facto, das marcas mais impressivas de toda a intervenção política e parlamentar do Deputado Lino de Carvalho. Por isso, ele granjeou o respeito, a estima e a admiração de todos os Deputados de todos os quadrantes políticos. Ele foi, de facto, dos Deputados mais competentes que passaram pela Assembleia da República.
Depois, a homenagem a um parlamentar que exercia a sua acção com grande lealdade e com uma enorme convicção. Em cada debate que travava, em cada combate que protagonizava, estas duas marcas, a da lealdade e a da convicção, impressionavam profundamente. Por isso, ninguém tem hoje dificuldade em prestar-lhe, da forma mais sentida, esta homenagem.
Mas homenagem, também, a um político que em cada adversário com quem protagonizava acabava por fazer um amigo. Foi, de resto, de há vários anos a esta parte, o meu próprio caso. Lino de Carvalho - e esta é a faceta pouco conhecida, diria, da opinião pública, até por contraste com a sua faceta de combatividade que evidenciava naquilo que é mais mediático - era, de facto, como já aqui foi evidenciado, um homem afável, simpático, cordial e, até, com um enorme sentido de humor, próprio, de resto, das pessoas inteligentes, um homem que combatia ideias, que tinha a noção de que a política é um combate de ideias e não um palco de guerras pessoais.
Para quem, como eu, faz política com prazer e tem prazer no debate político, no debate de ideias, impressiona-me esta característica das mais marcantes de Lino de Carvalho, e aqui lhe presto também, por esta terceira razão, a minha sincera homenagem.
Morreu um Deputado dos mais competentes da Assembleia da República. Morreu também um Vice-Presidente que, ao longo dos últimos anos, sempre que exercia - e presenciámos muitas vezes o exercício dessa sua função - ajudava com a sua marca também muito própria a prestigiar o Parlamento, a prestigiar a instituição parlamentar.

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