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0037 | I Série - Número 014 | 20 de Outubro de 2006

 

"Sim, tenho dúvidas de que não seja uma democracia". Pois bem, Sr. Deputado Bernardino Soares, não tenho dúvida alguma de que o regime da Coreia do Norte é uma ditadura indigna que nos devia envergonhar a todos neste Parlamento.
Claro que, na mesma entrevista, o Sr. Deputado Bernardino Soares dizia não ter conhecimento da existência de prisioneiros políticos em Cuba. Sr. Deputado, tenho uma lista de 350 presos políticos cubanos que terei muito gosto em facultar-lhe para que, a propósito deste regime igualmente comunista e ultrapassado, também possa evoluir!
Contudo, o que importa mesmo, feito este parêntesis,…

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Parêntesis?! Saltou-lhe o verniz!

O Orador: - … e porque não queremos transformar este voto num voto de censura ao Partido Comunista Português, é que se faça o que é essencial, isto é, que se condene veementemente, nesta sede, o recente ensaio nuclear norte-coreano pelo que ele põe em causa e pelo que dele pode resultar e que se apele à República Popular Democrática da Coreia para que suspenda imediata e incondicionalmente as actividades de fabrico e ensaio de engenhos nucleares, regressando-se, assim, ao respeito integral pelo tratado sobre a não proliferação nuclear.

Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Sr. Presidente, queria, sobre o voto em apreciação, dizer que o PCP reafirma a sua posição de defesa do desmantelamento geral das armas nucleares, pondo fim ao caminho iniciado na Segunda Guerra Mundial pelos Estados Unidos da América. Este caminho, recordo, já teve - pelo menos, que saibamos - 2420 ensaios nucleares, tendo sido 1127 realizados pelos Estados Unidos da América, 969 pela URSS, 210 pela França, 57 pelo Reino Unido, 44 pela China, 6 pela Índia, 6 pelo Paquistão e agora 1 pela Coreia do Norte.
O que não aceitamos é a utilização por muitos, designadamente pela administração norte-americana - o único país, lembre-se, que usou a bomba nuclear -,…

O Sr. Jorge Machado (PCP): - Convém lembrar!

O Orador: - … de dois pesos e duas medidas em relação ao princípio da desnuclearização, que serve quando é útil para os seus interesses de imposição de domínio intervencionista e imperialista nos mais diversos cantos do mundo, mas que já não serve quando põe em causa os seus interesses ou os dos seus aliados. Não aceitamos, pois, as concepções que usam a condenação dos ensaios nucleares (e deste, em particular) apenas como um instrumento, aliás cinicamente usado, para fazer avançar o domínio estratégico dos Estados Unidos e dos seus aliados na região.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Sendo certo que este voto, apesar de reformulado, enferma ainda desta visão parcial e instrumental da condenação, que ficou, aliás, amplamente esclarecida pelas intervenções do PSD e especialmente do CDS,…

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - É verdade!

O Orador: - … não podemos estar de acordo com ele.
Continuaremos a defender o regresso às conversações multilaterais, invertendo o indesejável isolamento internacional da Coreia do Norte - de resto, referido no voto -, com vista à desmilitarização e reunificação da península da Coreia, reconhecendo ao seu povo o direito à paz e ao progresso como factor essencial para a paz na região.
Termino, Sr. Presidente, dizendo ao Sr. Deputado Nuno Melo que a intervenção que proferiu fez-me lembrar um velho lema do Partido Socialista, que dizia mais ou menos isto: "Quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS"!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Dizia-o o Partido Socialista, dizia-o Mário Soares e José Sócrates.
Ora, ao ouvir o CDS sempre tão entusiasmado com esta temática da Coreia do Norte, penso que podemos adoptar aquela mesma máxima e dizer, olhando para a situação actual e para o ênfase que o CDS põe nesta questão: "Quanto mais a Coreia aparece, mais aflito está o CDS"!

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