O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

8 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007

cos, sabemos que a corrupção existe, que com ela não pactuamos e que, por isso, tudo faremos, no respeito pelo quadro constitucional, para que o nosso país venha a poder fazer parte dos países menos corruptos do mundo!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.

O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Negrão, em primeiro lugar, gostaria de saudar a iniciativa do PSD, porque nos parece que a questão do enriquecimento ilícito ou injustificado (a designação, neste caso, é de somenos) é, de facto, relevante.
O facto de alguém apresentar um nível de vida elevado e ostentar património e rendimentos manifestamente desproporcionados relativamente àquilo que aufere e declara é, do nosso ponto de vista, muito relevante. E, não havendo um instrumento legislativo eficaz para lutar contra esse fenómeno, torna-se muito difícil perseguir provavelmente a maior parte dos crimes por corrupção. Portanto, consideramos que esta ideia tem mérito.
Mas também é preciso dizer que, do nosso ponto de vista, o PSD acordou um tanto tarde para esta questão,…

O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Acha?!

O Orador: — … uma vez que a mesma esteve em discussão quando, no dia 22 de Fevereiro, debatemos o chamado pacote de iniciativas sobre corrupção. Nesse debate, o PCP propunha já a criação de um tipo de crime de enriquecimento injustificado. Na altura, o PSD usou um argumento contrário à consagração da proposta por nós apresentada, dizendo que a mesma invertia o ónus da prova e que não aceitava essa inversão.
Ora, a perplexidade que sentimos hoje é esta: se o PSD considera que esse projecto de lei do PCP inverte o ónus da prova (algo que nós não consideramos), não sei como é que o PSD consegue explicar que o diploma do PCP faça a inversão do ónus da prova e o do PSD não faça.
Creio que, no essencial, há uma questão fundamental, que é a seguinte: quando debatemos aqui o nosso projecto de lei, dissemos que o preenchimento do tipo de crime dá-se quando se demonstra que há uma desconformidade manifesta entre os rendimentos declarados por um determinado cidadão e os seus sinais de riqueza e o seu modo de vida. Só que tal tem de ser demonstrado, sendo isso que corresponde ao preenchimento do tipo de crime. No entanto, se o cidadão demonstrar a licitude da obtenção desse património e desses rendimentos, isso constitui uma causa de exclusão de ilicitude.
Ora, segundo percebi, da leitura do projecto de lei do PSD e da exposição que o Sr. Deputado Fernando Negrão acabou de fazer, o que o PSD propõe é, basicamente, o mesmo. Ou seja, o preenchimento do tipo de crime dá-se quando se demonstra (e é a acusação que tem de demonstrar) que há uma desproporção entre o que foi declarado e o que existe efectivamente.
Portanto, também considero que o projecto de lei do PSD não corresponde a uma inversão do ónus da prova, pelas razões que o Sr. Deputado explicitou. Mas o que não consigo perceber é que se diga que há um diploma que não inverte o ónus da prova e que o outro inverte. Em suma, penso que há uma contradição em relação ao que o PSD diz.
No entanto, quero manifestar a nossa disponibilidade para encontrarmos uma boa solução, em sede de especialidade, que consagre aquilo que para nós é essencial.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Negrão O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Filipe, antes de mais, gostaria de agradecer as suas palavras iniciais e a disponibilidade que manifestou para colaborar neste projecto.
Quero também dizer-lhe o seguinte, Sr. Deputado: li várias vezes o projecto de lei do PCP, tendo-lhe dito na altura, pessoalmente, inclusive num debate que tivemos, que não concordávamos com a vossa proposta, porque entendíamos que violava o princípio da presunção da inocência.
Não vamos entrar aqui numa discussão técnico-jurídica, que seria fastidiosa para todos. Sei que o Sr. Deputado António Filipe é um ilustre jurista, um homem muito conhecedor das leis, com grande experiência parlamentar de discussão e de trabalho em inúmeras leis, que sabe com certeza que há uma diferença fundamental entre aquilo que apresentaram e aquilo que nós apresentámos hoje.

O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Exactamente!

Páginas Relacionadas
Página 0005:
5 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 Nuno Miguel Miranda de Magalhães Teresa
Pág.Página 5
Página 0006:
6 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 Já avançámos com medidas práticas de reforç
Pág.Página 6
Página 0007:
7 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 co-financeira estão contemplados todos os i
Pág.Página 7
Página 0009:
9 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 O Orador: — Apresentamos hoje um projecto d
Pág.Página 9
Página 0010:
10 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 desproporcionalidade de património, tem a
Pág.Página 10
Página 0011:
11 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 Aplausos do PS. O Sr. Presidente: —
Pág.Página 11
Página 0012:
12 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 dãos do mesmo Tribunal consideram que os c
Pág.Página 12
Página 0013:
13 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 isso, depois de publicado num jornal, nunc
Pág.Página 13
Página 0014:
14 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 O Orador: — Pergunto-lhe: se assim é, porq
Pág.Página 14
Página 0015:
15 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Os senhores
Pág.Página 15
Página 0016:
16 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 Por isso, interessa, sobretudo, nos organi
Pág.Página 16
Página 0017:
17 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 num certo dia feriado. Aplausos do C
Pág.Página 17
Página 0018:
18 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 com as responsabilidades que tem enquanto
Pág.Página 18
Página 0019:
19 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 mente ao crime de enriquecimento injustifi
Pág.Página 19
Página 0020:
20 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 rupção», visto que fizemos um diploma mais
Pág.Página 20
Página 0021:
21 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 que Portugal, ao contrário do que possa pa
Pág.Página 21
Página 0022:
22 | I Série - Número: 073 | 20 de Abril de 2007 O Orador: — E, das várias definições, a ma
Pág.Página 22