O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

22 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008

O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Do meu ponto de vista, em algumas das normas que aqui estão isso acontece.
Terceiro ponto: os Srs. Deputados do Bloco de Esquerda tiveram oportunidade de dizer aqui o seguinte: «Nós não queremos o divórcio assente na culpa». Mas deixem-me dizer-vos que estranho que os senhores mantenham neste projecto de lei uma norma que é directamente retirada da regulação do divórcio assente num processo litigioso, em que é atribuída a culpa a um dos cônjuges, e que é aquela que resulta do facto de os bens patrimoniais a dividir na pendência desse divórcio não poderem ser nunca diferentes da forma que resultava do casamento em regime de bens adquiridos.
Essa norma é um afloramento dessa noção do divórcio por razões de culpa imputável directamente a um dos cônjuges. E os senhores não conseguem expurgar toda esta matéria do vosso projecto justamente porque encontraram uma terceira forma de processo de divórcio que, em grande medida e em algumas áreas, é sobreposta em relação àquilo que resulta do processo por mútuo consentimento ou do processo litigioso.
Quarto ponto: há algumas consequência perversas — já aqui foi chamada a atenção para essa situação — que devemos ponderar bem no momento de fazer uma lei como esta. Há direitos que emergem, ou podem emergir, do casamento. Vou dar um exemplo: o direito de nacionalidade. Alguém adquire por casamento o direito a ser nacional português. Nos termos deste projecto, quem adquiriu esse direito por via do casamento pode, no dia a seguir, unilateralmente requerer o divórcio e continuar a beneficiar, porque é esse o regime que temos, da nacionalidade adquirida ao abrigo do casamento que realizou?

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ou da residência!

O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Este é um resultado querido pelo Bloco de Esquerda nestas circunstâncias? Os senhores ponderaram bem neste projecto de lei uma situação que pode ser um resultado perverso desta legislação? Tem a ver com o seguinte: alguém, ao abrigo da lei, viola dolosamente, culposamente, os deveres que a lei consagra como deveres resultantes do contrato de casamento celebrado.
Nos termos normais, esse alguém pode, hoje, e também nos termos do vosso projecto de lei, ser demandado em tribunal no âmbito de um processo litigioso e, nos termos da lei, que os senhores não alteram, pode ser considerado o principal culpado no divórcio que venha a ser decretado. Isto tem consequências, muitas consequências.

O Sr. Jorge Strecht (PS): — Pois tem!

O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Podem ser consequências a nível patrimonial, por exemplo, a nível de pagamento de indemnização a título de dano moral. Ora, com esta terceira forma de processo de divórcio, alguém que, dolosamente, violou esses deveres e que, quase inevitavelmente, vai ser condenado nessas consequências, antecipa-se e, unilateralmente, mete um processo de divórcio e, nos termos do vosso projecto de lei,…

Protestos da Deputada do BE Helena Pinto.

… fica eximido da responsabilidade que a lei consagra e que os senhores não querem que deixe de consagrar. São estas consequências que temos de ponderar.
Em nosso entendimento, a Assembleia, em relação a esta matéria, não pode ser ligeira na apreciação de todas estas consequências, umas queridas e outras não queridas — e acredito na boa fé dos proponentes! —, umas perversas e outras porventura não antecipadas.
Do meu ponto de vista, numa matéria com a importância desta, com os valores que aqui estão em jogo, temos de ter mais tempo para ponderar tudo isto.

Aplausos do PSD.

Páginas Relacionadas
Página 0006:
6 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, a nossa
Pág.Página 6
Página 0007:
7 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 Aplausos do BE. As alterações que
Pág.Página 7
Página 0008:
8 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Presidente: — Há dois Srs. Deputados
Pág.Página 8
Página 0009:
9 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Presidente: — Para responder, tem
Pág.Página 9
Página 0010:
10 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 … e até disseram que o nosso projecto era
Pág.Página 10
Página 0011:
11 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP):
Pág.Página 11
Página 0012:
12 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 diversas fragilidades e demarcámo-nos dele
Pág.Página 12
Página 0013:
13 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. António Filipe (PCP): — Mas a qu
Pág.Página 13
Página 0014:
14 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 Portanto, é esta a nossa posição de princí
Pág.Página 14
Página 0015:
15 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 E, Sr.ª Deputada Helena Pinto, sem que
Pág.Página 15
Página 0016:
16 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 Sr.ª Deputada, a verdade é que no dia segu
Pág.Página 16
Página 0017:
17 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 requerente induz situações eticamente
Pág.Página 17
Página 0018:
18 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Fernando Rosas (BE): — Muito bem! Mu
Pág.Página 18
Página 0019:
19 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Luís Fazenda (BE): — Isso é falso!<
Pág.Página 19
Página 0020:
20 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 Do nosso ponto de vista, não é satisfatóri
Pág.Página 20
Página 0021:
21 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 Devo dizer, em absoluta honestidade intel
Pág.Página 21
Página 0023:
23 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Presidente: — Para pedir esclare
Pág.Página 23
Página 0024:
24 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 Entendemos que não devemos estar a confund
Pág.Página 24
Página 0025:
25 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 desconhecido da Mesa da Assembleia da
Pág.Página 25
Página 0026:
26 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 continuado e uma manifestação de boa fé po
Pág.Página 26
Página 0027:
27 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 bem mais progressistas, bem mais ousad
Pág.Página 27
Página 0028:
28 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 Era o que faltava que, num Estado democrát
Pág.Página 28
Página 0029:
29 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 Por isso é que, ao longo destes 10 mes
Pág.Página 29
Página 0030:
30 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, o Sr.
Pág.Página 30
Página 0031:
31 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O que votamos hoje não é só a viabiliz
Pág.Página 31
Página 0032:
32 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — Esperam
Pág.Página 32
Página 0033:
33 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Alberto Martins (PS): — É eviden
Pág.Página 33
Página 0034:
34 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 porque aquilo que o Sr. Deputado acabou aq
Pág.Página 34
Página 0035:
35 | I Série - Número: 064 | 28 de Março de 2008 O Sr. Presidente: — Faça favor, Sr. Deput
Pág.Página 35