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49 | I Série - Número: 072 | 17 de Abril de 2008


permita-se-me referi-lo. Titulei «Pela Cultura dos Afectos, em Prol da Felicidade» a comunicação que fiz em 28
de Novembro de 2005 na Fundação Pro Dignitate, no Seminário Nacional Contra a Violência.
Aí escrevi: «Todos os seres humanos anseiam pela felicidade. Contudo, a felicidade é incompatível com
diversas circunstâncias, entre as quais avultam a pobreza e a violência, de que as principais vítimas são as
mulheres (…).
Desde 1980, a ONU publica, com regularidade, os mesmos tristes números: as mulheres constituem
metade da humanidade, realizam 2/3 do trabalho, ganham 10% das receitas, mas apenas possuem 1% dos
bens… Em Portugal, uma em cada três mulheres é vítima de violência doméstica… Há dez anos, na
Conferência Mundial sobre as Mulheres, em Pequim, focaram-se numerosas questões, as quais afectam ainda
hoje quase todas as mulheres europeias: maior desemprego feminino, diferenças salariais mulheres/homens,
feminização da pobreza, tráfico de mulheres, violência contra as mulheres… Um estudo sueco alega que
«persiste a ideia de que o salário da mulher não passa de um complemento do rendimento do casal.
Cito Edgar Morin, em A Sociedade em Busca de Valores. Para fugir à Alternativa entre o Cepticismo e o
Dogmatismo: «o único cimento que resta é o sentimento da solidariedade vivida». Eu costumo dizer que temos
de incentivar a cultura dos afectos, que é de facto a solidariedade vivida em todos os campos.
Portugal tem sido pioneiro no mundo em fundamentais aspectos humanistas: na primeira globalização, que
criou laços de afecto que têm atravessado os séculos, desde há mais de 500 anos e perduram em redor do
Mundo; no séc. XIX, Portugal foi pioneiro na abolição da escravatura e na abolição da pena de morte; no séc.
XX, na igualdade de tratamento para mulheres e homens. No séc. XXI, Portugal pode, e penso que deve, ser
pioneiro na cultura dos afectos em que é mestre desde sempre, e não ir a reboque de outras atitudes
contrárias».
Sobre o projecto de lei agora em apreço, a simpática intenção de Anália Torres em «dar visibilidade a um
trabalho desempenhado pelas mulheres que não é reconhecido mas deve ser compensado», através dos
créditos compensatórios, segundo inúmeros especialistas vai ainda agravar os problemas das mulheres,
principalmente das mais pobres, das mais idosas e das que mais se dedicam à família. Penso que as
mulheres portuguesas, tão escravizadas, merecem mais e melhor.
4 — Avisava Agostinho da Silva: «É na fonte que se tem de purificar a água, como é na vara torta que se
tem de corrigir a torta sombra». Assim, é na educação e na prevenção que se deve apostar para em
profundidade melhorar a sociedade.
Em 2007, logo após ter apresentado oficialmente a proposta da criação da disciplina de Educação para a
Felicidade (Diário da Assembleia da República, I série, 8 de Junho de 2007, pp. 49 a 51), publiquei um artigo
com esse título, por me terem dito tal ser inovador e extremamente útil. Como numerosas pessoas me têm
pedido elementos, peço licença para transcrever extractos desse texto: «O QI (Quoficiente de Inteligência)
apenas interfere em 20% dos elementos que determinam o nosso sucesso, ficando os outros 80%
dependentes de factores que incluem o que pode considerar-se Inteligência Emocional (QE) (…) Estudos
científicos modernos concluíram que a amizade é o tipo de relação que mais contribui para a felicidade. «O
importante é ter saúde, um bom emprego, amor, família e amigos. E viver em alegria e paz interior (…)».
Richard Layard, da London School of Economics, afirma: «A felicidade deve tornar-se o objectivo da
política e o progresso da felicidade nacional deve ser medido e analisado com tanta atenção como o
crescimento do produto interno bruto (PIB). Este autor, num recente texto do Cato Institute, chamava-lhe o
«paradoxo do progresso», isto é, quanto mais enriquecemos, menos as pessoas aparentam ser felizes. Por
isso, os governos deviam preocupar-se mais em promover a FIB ou Felicidade Interna Bruta do que o PIB,
conforme vêm afirmando numerosos especialistas de vários países (…)».
5 — Amitai Etzione, um dos cientistas sociais de topo a nível mundial, em The New Golden Rule.
Community and Morality in a Democratic Society, Profile Books Ltd., London, 1997, escreveu que nos EUA,
nos anos 1960, «laws made divorce difficult and costly» (pág. 61). «Divorce was made easier in the late 1960’s
and early 1970’s by «no-fault» laws» (p. 69). «The rate of divorce doubled between 1960 and 1990, with nearly
half of all marriages ending in divorce by 1990» (p.67). «Briefly, societies in Western Europe… have followed a
similar path to the American one… As in the United States, violent crime rose in this period… In the 1990’s,
however, these countries were catching up, with increasing speed, according to some data, with the America of
the late 1980’s, just as American society began its curl back…» (pág. 77).

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