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82 | I Série - Número: 089 | 5 de Junho de 2009

seja, o que é que dali se vai fazer; saber se, realmente, é ou não possível retirar o Museu Nacional de Arqueologia para a Cordoaria; saber o que é que se deseja, até, para o novo museu da Marinha, eventualmente numa lógica de um grande museu dos descobrimentos.
O que considero espantoso nesta forma de decisão é este procedimento: «Mandem-se avançar os bullldozers, mande-se destruir, é preciso fazer!», sem realmente se saber e se estudar o que aqui está em causa! Sr. Presidente, muito obrigado pela tolerância.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Zita Seabra.

A Sr.ª Zita Seabra (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Um dia, o Sr. Ministro da Economia, Manuel Pinho, teve a triste ideia de ficar para a história — concebeu acabar com o Museu dos Coches, o mais visitado de Lisboa e mais querido dos lisboetas, e fazer tudo de novo. E gastar, gastar, gastar dinheiro «à grande e à francesa», uns milhões de euros, estragando o que está bem e funciona sem que ninguém o questione.
Os governantes socialistas adoram fazer isto e ainda não aprenderam nada. Estádios vazios de gente, que custaram milhões, não chegaram para tirar essas lições! Senão, vejamos. O que temos? O Museu do Chiado está moribundo e com exposições nulas e sem o mínimo interesse que algumas embaixadas emprestam a Portugal ou nos fornecem de graça. Não tem dinheiro para novas aquisições, nem tem dinheiro para os funcionários abrirem a porta todo o ano.
O Museu de Arte Antiga não tem paralelo, de velho e decadente, com nenhum outro museu de nenhuma capital europeia, nem mesmo com o de qualquer vila de um país do Leste recém-entrado na União Europeia; nem sequer tem funcionários para garantir a porta aberta, tem funcionários com contratos a prazo, que são despedidos regularmente e readmitidos pouco tempo depois.
O Teatro Nacional de São Carlos quase morreu sem Pinamonti e o D. Maria II não renasce. A Festa da Música, que dava alma ao CCB, acabou por falta de verba e, hoje, somos certamente a capital da Europa com menos oferta cultural e com o património mais decadente e abandonado.

O Sr. Pedro Duarte (PSD): — Muito bem!

A Sr.ª Zita Seabra (PSD): — Resta-nos o sol e a luz de Lisboa, já que o Tejo, esse, também corre esse perigo.
Nesta situação, o Governo socialista adjudica, sem concurso público, a um Sr. Arquitecto brasileiro (de mérito, sem dúvida) um novo edifício público (orçado em 30 milhões de euros, dizem) para instalar o Museu Nacional dos Coches. Sem concurso público, repito, 30 milhões de euros, dizem, «voam», num país pobre, em crise, que tem o património a cair para um projecto adjudicado, sem concurso, a um Sr. Arquitecto brasileiro — bom, sem dúvida! E o Museu Nacional dos Coches há-de ser Picadeiro Real, ou melhor, picadeiro republicano-socialista. Com o dinheiro vindo da receita do Casino Lisboa, não passa pela cabeça dos Srs.
Ministros socialistas pôr a funcionar o que temos e dar-lhe dignidade.
Assim, vamos ter mais um edifício ao estilo moderno, a estragar a beira-rio do Tejo, com os coches saídos do seu palácio e vindos de Vila Viçosa, para, dizem, um edifício de milhões, que o Sr. Eng.º Sócrates sonha inaugurar, com uma placa a dizer «Eng.ª Sócrates inaugurou, no dia»«.
E, como diziam na visita que lá fizemos, com coches em paredes brancas, que o barroco não precisa de decoração, e com muita multimédia, que agora se usa para dar um ar moderno aos coches. É assim a cultura socialista! O Ministro da Cultura, que, desde que tomou posse, não abriu boca sobre este assunto, e que não recebeu os Srs. Deputados que foram ver as obras (estava ausente, sabe-se lá onde»), assina por baixo, mas ás escondidas para ninguém ver, nada diz. Aliás, não se percebe para que serve o Sr. Ministro da Cultura, já que a Cultura está entregue ao Sr. Ministro da Economia.
O Presidente da Câmara de Lisboa mantém-se em silêncio, um silêncio, aliás, indiferente a tudo o que efectivamente se passa na cidade. E a obra começou. Não começou com o velho plano existente, de há muito,

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