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57 | I Série - Número: 091 | 15 de Junho de 2009

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Declarações de voto enviadas à Mesa para publicação

Relativa ao projecto de resolução n.º 469/X (4.ª) — Propõe a imediata suspensão da construção do novo
Museu dos Coches e a abertura de um processo de discussão pública (PCP).

Justifico o meu voto a favor, em 12 de Junho de 2009, do projecto de resolução n.º 469/X (4.ª),
apresentado pelo PCP, que propõe a imediata suspensão da construção de novo Museu dos Coches e a
abertura de um processo de discussão pública.
Em primeiro lugar, não posso deixar de expressar, na minha dupla qualidade de Deputada e museóloga de
carreira, a marginalização de que foi alvo a classe profissional dos museólogos, no magno problema da
construção de um grande edifício para museu, sonho este há décadas acalentado, havendo opiniões
fundamentadas sobre o assunto. Penso que os políticos não devem deixar de ouvir os especialistas. Assim,
inúmeros se têm manifestado contra este projecto, individualmente e/ou através de associações de que
destaco a Plataforma pelo Património Cultural (PP-CULT), que congrega várias associações, a algumas das
quais pertenço há décadas, como o ICOM (Conselho Internacional dos Museus), ligado à UNESCO.
Só depois de se terem tomado todas as decisões relativas ao assunto deste projecto de resolução, as
quais envolvem outros museus e núcleos de património cultural, é que eu (e sou a única Deputada
museóloga), os meus colegas de profissão e a comunidade tivemos conhecimento do que estava a suceder.
Conforme em 4 de Junho de 2009 comuniquei, por escrito, ao líder Parlamentar do PS: «Por solidariedade
ao PS, nunca me quis manifestar em relação à polémica sobre o Museu dos Coches, apesar de tal ser da
minha especialidade profissional. Lamento que o PS nunca me tenha auscultado sobre política cultural,
sobretudo nesse âmbito, pois ter-se-iam evitado prejuízos a vários níveis, até políticos. Agora, vejo-me
obrigada a votar contra a posição do PS».
Em 2 de Junho de 2009, como membro da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da
República, fiz parte dos Deputados de todos os partidos políticos que fomos visitar o Museu Nacional dos
Coches, o Museu Nacional de Arqueologia e também outros locais relacionados com esta discórdia. Mais me
convenci então da justeza das posições dos meus colegas museólogos, as quais nada têm de políticas, mas
apenas são consistentemente técnicas e culturais.
Há muitos anos que venho também tomando posições públicas sobre a política cultural nesta área e penso
que não é prioritária a reinstalação do Museu Nacional dos Coches, ao contrário do que acontece com o
Museu Nacional de Arqueologia, com o Museu Nacional de Arte Antiga (com a valorização também das
excepcionais Artes Decorativas Portuguesas), com a criação do Museu do Interculturismo de Origem
Portuguesa (com a incorporação do Museu da Língua e a lógica componente da Diáspora Portuguesa e os
Descobrimentos), etc.
Estas minhas opções englobam, em primeiro lugar, o carácter cultural, mas também o económico, o que é
importante ter em conta, pois cada vez está mais provado cientificamente haver uma economia da cultura, a
cultura poder dar lucro, o que é muito importante.
Dou a minha opinião para tentar resolver a actual polémica, tendo em conta as várias questões agora
suscitadas.
1 — É interessante e útil a escolha de um arquitecto Prémio Pritzker de Arquitectura para a autoria do
edifício, mas este vai marcar paisagisticamente a zona.
Na referida visita, foi dado aos Deputados o anteprojecto do Museu dos Coches, podendo o anteprojecto
facilmente ser alterado, a fim de o museu inclusivamente ter outro conteúdo.
O Museu Nacional de Arqueologia possui um dos mais importantes acervos arqueológicos da Europa;
apesar de a actual exposição ser diminuta, é o segundo museu mais visitado (mais de 130 000 visitantes/ano),
podendo este número aumentar muitíssimo, até porque a Arqueologia suscita crescente interesse
internacional e Portugal tem imensa e original riqueza nesta área.

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