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58 | I Série - Número: 091 | 15 de Junho de 2009

Devido, sobretudo, ao facto de a Cordoaria estar construída numa zona de índice máximo de
periculosidade para risco sísmico, não deve o Museu de Arqueologia, com os seus muitos tesouros
classificados como nacionais, ir para a Cordoaria.
Parece-me que, com grande rentabilização do novo edifício do museu, deveria ir para lá o Museu Nacional
de Arqueologia, para o qual há décadas se pensa numa construção nova, mais adequada às colecções, que
necessitam de museografia específica, como o Director do Museu também gostaria.
Na ideia de colocar o Museu Nacional dos Coches no novo edifício, argumenta-se que os coches ficam
valorizados com o fundo branco; no entanto, já verifiquei que tal não resulta no Pavilhão dos Coches do
Palácio de Schonbrünn, em Viena, que não atrai visitantes apesar da beleza dos coches (as pessoas vão
visitar o palácio, mas não os coches). Parece que houve economicismo na opção de colocar em Lisboa os
coches no novo museu, com a expectativa de o museu mais visitado (228 000 visitantes/ano) atingir 600 000 a
1 milhão de visitantes/ano. Ora, este aumento de visitantes é pouco provável, porque sabe-se que o museu é
atraente pela sua antiga ambiência única e também por não ser muito extenso. Há profundas dúvidas de que o
novo museu, com imensa área e os planeados destaques individuais a muitas dezenas de coches dos sécs.
XVI a XIX, com explicações e imagens detalhadas, etc., interesse ao grande e indiferenciado público de
turistas do séc. XXI, que é a maioria.
A Directora do Museu dos Coches também não concorda com o novo museu, tendo afirmado que do mal o
menos, podendo ficar no actual edifício uma extensão, permanecendo alguns coches e realizando-se ali
jantares, como forma de arranjar financiamentos, opinião que partilho.
Penso que com grande vantagem, igualmente cultural, económica, turística se podia optar por arranjar o
quartel da Calçada da Ajuda (do lado esquerdo de quem sobe a rua, perto do palácio de Belém e, portanto, do
Museu dos Coches) para picadeiro e realização dos espectáculos da Escola Portuguesa de Arte Equestre (o
que constitui enorme atracção, como se verifica nas listas de espera para acontecimentos de Arte Equestre
em Viena). Como os públicos são mais afins, nesse espaço podia-se colocar um núcleo do Museu dos
Coches, o qual incluiria além dos coches, arreios, selas de cavalos, etc., que fazem parte do acervo deste
museu. Todo o conjunto seria valorizado com explicações, imagens, etc., não só sobre todo o espólio
museológico, mas também sobre aspectos tecnológicos dos coches, sobre a original arte portuguesa de
montar a cavalo, sobre o internacionalmente célebre Cavalo Lusitano. Depois, os espectadores da Arte
Equestre e visitantes desse núcleo museológico dos coches iriam visitar, como final do programa, o conjunto
dos Coches que ficará no actual edifício e onde, por vezes, se fariam ainda eventos relacionados ou não com
esta temática, que é muito apreciada por turistas específicos. Este belo edifício seria também alugado para
outros eventos, jantares, etc.
2 — O Museu da Marinha, com a ida já do Museu Nacional de Arqueologia para o novo edifício, poder-se-
ia, também de imediato e com grande proveito nas vertentes culturais, económicas e turísticas apontadas, e
conforme está agora previsto, expandir-se pelo Mosteiro dos Jerónimos. Tal tem mais lógica pela simbologia
da ligação deste monumento património mundial à história marítima e pelos espaços grandes de que este
museu necessita para tratar das temáticas das originais técnicas portuguesas de navegação, de construção
naval, etc., lembrando a imensa importância que os portugueses tiveram na História da Marinha.
3 — A Fábrica Nacional de Cordoaria (edifício classificado monumento nacional em 1996) poderia não só
acolher os internacionalmente conhecidos Laboratórios de Arqueociências (os quais têm funcionado em
condições extremamente precárias quanto aos qualificados técnicos e às instalações), mas outros
laboratórios, sobretudo de conservação e restauro, que proliferam, com grande dispersão e elevados custos
materiais e humanos.
Como Deputada eleita cabeça-de-lista por Coimbra, dou agora como exemplo o que está aí a acontecer,
pelo menos em dois locais extremamente próximos: há um laboratório de conservação e restauro no Museu
Monográfico de Conímbriga, e em Coimbra Cidade, outro no Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha e outro que vai
abrir no Museu Nacional de Machado de Castro, o que julgo ser excessivo e não dever ser feito.
Permita-se-me referir o que escrevi há 26 anos sobre centros de conservação e restauro, porque se
mantém actual e podia ser agora aplicado, evitando-se mais perdas financeiras, humanas e técnicas. Escrevi
esse texto enquanto directora do Museu Nacional de Machado de Castro a propósito de «oficinas de

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