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42 | I Série - Número: 004 | 12 de Novembro de 2009

Poderíamos dizer que esses 28 anos (de 1961 a 1989) são para esquecer, como também o são a brutalidade e a violência que encerram. Creio, ao contrário, que são 28 anos para lembrar.
Há dias, li uma entrevista da Deputada comunista Rita Rato em que, questionada sobre o Arquipélago Gulag, disse: «Não sou capaz de lhe responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso.» Por isso, num gesto de camaradagem, tomei a iniciativa de encomendar o livro Arquipélago de Gulag, que terei todo o gosto de oferecer à Sr.ª Deputada para que possa ler e verificar também connosco aquilo de que estamos livres hoje.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Já está a vir ao de cima!...

O Sr. José Ribeiro e Castro (CDS-PP): — Para terminar, queria dizer que o nosso sentido de voto é claramente a favor dos votos apresentados pelo PS e pelo PSD, além do nosso, e contra no caso do voto do Bloco de Esquerda, que mistura muros que nada têm a ver com a mesma história.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Arnaut.

O Sr. José Luís Arnaut (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há precisamente 10 anos, a Assembleia da República aprovou um voto de comemoração pela queda do Muro de Berlim. Dez anos volvidos, repetimos esta atitude. E não o fazemos por mera prática ritualizada mas porque o acontecimento em causa deve ser sempre relembrado como um dos momentos mais marcantes não apenas do século XX mas de toda a história de luta contra o totalitarismo e em defesa da liberdade e dos direitos humanos. Foi aquele momento em que a minha geração, a geração que nasceu em 60, não só pôde viver mas também participar.
Deve ser sempre relembrado, desde logo, pelo que foi, relembrado pelo que representou e também relembrado pelo que permitiu.
Pelo que foi, pois traduziu um movimento determinado de todo um povo de rejeição de um poder político ilegítimo, que tinha transformado um país num gigantesco Estado concentracionário.
Pelo que representou, na medida em que o seu derrube é sempre simbolicamente identificado como colocando um ponto final na divisão que, desde o final da II Guerra Mundial, separava o Velho Continente em dois blocos.
Pelo que permitiu, já que assim se abriu caminho não apenas à reunificação alemã, mas igualmente ao reencontro da Europa consigo própria e com os valores e princípios que a identificam.
Mas a queda do Muro deve também ser relembrada por outro motivo de âmbito e natureza mais vastos. É que ele foi, igualmente, o momento inspirador de que muitos outros povos e muitos outros países careciam para desencadearem movimentos idênticos destinados a libertar-se das teias do regime comunista e totalitário.
Um regime político que, nunca será demais recordá-lo, falhou em toda a linha, não sem antes ter deixado um indelével rasto de sangue, de tortura, de opressão, de atraso e de subdesenvolvimento por todo o lado por onde passou.
E, ao comemorar a queda do Muro de Berlim, saudamos igualmente a memória daqueles – e foram muitos – que perderam a vida ao tentar transpô-lo e que pagaram o preço pelo singelo facto de quererem ser livres. A sua coragem jamais será esquecida e o seu exemplo também não.
Não ignoramos que nem sempre as porventura demasiado exageradas expectativas que então se geraram foram atingidas. Muito resta ainda por fazer, até na própria Alemanha, em que se continua a registar uma profunda e indesejável diferença de nível de vida entre o lado ocidental e o lado oriental. Mas se o não esquecemos é porque estamos determinados a melhorar aquilo que ainda não está bem. E essa circunstância não pode obscurecer a conclusão de que, seja qual for o prisma objectivo de análise em que nos coloquemos, a queda do Muro valeu a pena.
A Europa de 2009 nasceu com a queda deste Muro. O mundo que hoje temos é mais livre porque, no dia 9 de Novembro de 1989, a luz da democracia triunfou sobre a escuridão das ditaduras.

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