O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

44 | I Série - Número: 004 | 12 de Novembro de 2009

Sr. Presidente, Srs. Deputados, conheço o Muro um pouco antes, porque sou um pouco mais velho.
Conheço o Muro antes de haver muro, conheço o Muro com muro e conheço o Muro depois de não haver muro.
O Muro é um lugar simbólico. Não sendo o mais importante dos acontecimentos telúricos da última fase do século XX, é, do ponto de vista simbólico, efectivamente, o mais importante, o que ficou na nossa memória.
No entanto, mais do que estarmos a atribuir a A ou a B a queda do Muro de Berlim, é justo dizer que a grande vitória foi do povo alemão, do povo que estava nas ruas, do povo que dizia «nós somos o povo!», do povo que queria liberdade, que queria falar.
A verdade é que foram esses milhares de manifestantes (e não precisamos de ser muito velhos para o ter visto) que, há 20 anos, em Leipzig, em Dresden, em Berlim, gritaram pela liberdade e pela mudança que derrubaram o Muro. Naturalmente, com outros factores, em que não devemos esquecer a nova orientação da política soviética com Gorbachov – aliás, Gorbachov, e muito bem, estava agora à direita da Sr.ª Merkel nas comemorações da queda do Muro – e também porque o regime já não tinha força para compreender o que se estava a passar e muito menos para iniciar um processo de mudança.
Foi um regime criado numa ordem autocrática, incapaz de se reformar e de perceber os anseios do povo, e desta vez, Sr.as e Srs. Deputados, não houve tanques para enfrentar a multidão que gritava pela liberdade. A crise do sistema era muito profunda: não havia saídas nem pela força nem pela abertura – e sabemos bem que não é fácil as ditaduras abrirem-se por moto próprio, por sua iniciativa. Tratava-se de um regime exangue e fechado, que levava ao extremo a incapacitação cívica dos cidadãos, um povo que queria ser ouvido, participar e decidir do seu destino. Aí estão as razões profundas dessa mudança enorme que teve efeitos não só na Europa como na face do mundo.
Nós, portugueses, percebemos bem Berlim, Praga, Budapeste, Varsóvia. Não havia cravos nas ruas de Berlim, mas havia vozes, milhões de vozes, que gritavam pela liberdade e que disseram «não» ao medo, à repressão, ao silêncio.
Tudo agora é bom? Não! Tudo antes era mau? Porventura, não, como disse a própria Chanceler Merkel.
Mas cabe a todos nós, agora, continuarmos a construir uma Europa mais solidária, mais igual, mais democrática.
Daí o voto que apresentámos e o apoio que damos a outros dos votos que foram apresentados no mesmo sentido.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A queda do Muro de Berlim, criado no contexto da Guerra Fria, é um marco incontornável na nossa história contemporânea. Muitos acreditavam que nunca viria a acontecer. Mas aconteceu.
Mudou o nosso mundo? Mudou o nosso tempo? Claro que mudou! Olhando concretamente para os votos que temos em discussão, quero dizer muito claramente que vamos votar favoravelmente o do Bloco de Esquerda. Contudo, em relação aos votos do PSD e do CDS-PP, é aflitiva – mas aflitiva mesmo! – a forma como ignoram não só muros de pedra mas outros muros que limitam liberdades, que violam direitos humanos. Parece que os Srs. Deputados, às vezes, põem uma pala nos olhos e recusam-se a olhar para o lado.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

Pois, é bem verdade, mas nós não entramos nessa forma única de ver as coisas.
Continuando a olhar para os votos do PSD, do CDS-PP e do PS, é estranha a forma como procuram endeusar o que consideram ser formas únicas, alternativas, em termos de modelos políticos, que também geram injustiças e que aniquilam liberdades.
No Grupo Parlamentar de «Os Verdes» estivemos indecisos no sentido do nosso voto relativamente ao voto apresentado pelo Partido Socialista. Poderíamos contribuir para o viabilizar não fora o parágrafo onde

Páginas Relacionadas
Página 0046:
46 | I Série - Número: 004 | 12 de Novembro de 2009 Aplausos do PCP. O Sr. Presidente
Pág.Página 46