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32 I SÉRIE — NÚMERO 31

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — De facto, Sr. Primeiro-Ministro, quem conhece as propostas e as

medidas concretas deste Orçamento sabe que este não é um Orçamento para resolver a crise mas, sim, um

Orçamento que dramatiza os problemas do défice, que dramatiza a crise para acentuar as desigualdades na

distribuição da riqueza e aprofundar as injustiças sociais;…

O Sr. Honório Novo (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … que se prepara para desbaratar mais património público

empresarial com mais um lote de privatizações. Alguém vai pagar isso no futuro. Não será V. Ex.ª, com

certeza, mas o País vai pagar essa medida de venda ao desbarato de empresas públicas.

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças (Teixeira dos Santos): — Ao desbarato?!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não quer privatizar, Sr. Ministro? Ou quer? Quer, quer!…

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Ao desbarato, não!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Logo, veremos!…

É um Orçamento que, em nome e a pretexto da crise, impõe a diminuição real dos salários, retoma a

ofensiva contra os serviços públicos, prossegue o caminho da degradação das reformas, secundariza o

investimento, o combate ao desemprego e o apoio aos desempregados e que nada pede — sublinho isto, Sr.

Primeiro-Ministro —, nada faz para garantir que quem mais tem beneficiado com a crise dê um contributo para

resolver os problemas do País e do tão empolado défice.

Por que é que só se exige a uns, aos que menos têm e menos podem, e não se toca nos grandes senhores

do dinheiro, Sr. Primeiro-Ministro? Responda-me, por favor!

Qual foi a contribuição dos beneficiários da crise, dos que vivem da especulação financeira, dos que, em

2009, continuaram a ganhar rios de dinheiro…

O Sr. Bruno Dias (PCP): — É sempre assim!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … (a tal banca, como diz o Sr. Primeiro-Ministro) enquanto o País se

afundava?

E não venha, Sr. Primeiro-Ministro — esta é uma excelente oportunidade — falar da taxação dos bónus

dos gestores, essa falsa medida que o Sr. Secretário de Estado do Tesouro e Finanças veio dizer que não é

para aplicar. E houve pior, aliás, nunca se tinha visto uma coisa daquelas! Em entrevista dada no dia seguinte

ao Sr. Primeiro-Ministro ter levantado aqui essa bandeira no debate quinzenal, em que apontou o dedo a esta

bancada dizendo «então, o que é que têm a dizer sobre a tributação dos gestores?», o Sr. Secretário de

Estado veio dizer que «não é assim. Se vocês não receberem tudo e distenderem para depois de 2010 vão ver

que não são tributados»! Ou seja, ensinou a fugir à tributação.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Uma vergonha!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Nunca se tinha visto isto! Acho que devia ralhar-lhe, porque a

bandeira desfraldada no debate quinzenal foi esfarrapada no dia seguinte pelo próprio Secretário de Estado.

Aplausos do PCP.

Sr. Primeiro-Ministro, passo a uma última questão.

Como é que num País que tem uma das mais injustas, se não a mais injusta, distribuições de riqueza dos

27 países da União Europeia as únicas medidas que se vêem são aquelas que vão aumentar o fosso das

desigualdades nessa distribuição? Explique lá!

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