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49 | I Série - Número: 045 | 16 de Abril de 2010

Esta tragédia acontece numa circunstância dramática, quando o Presidente e a comitiva que o acompanhava queriam encerrar uma memória terrível da história da Polónia — o massacre de Katyn —, uma memória dolorosa da II Guerra Mundial, em que a elite polaca militar e milhares de soldados polacos foram executados pelo regime soviético.
O Presidente Lech Kaczynski tal como foi ontem recordado em Lisboa, na missa que teve lugar nos Jerónimos, queria transformar essa chaga da memória num selo de reconciliação entre o povo polaco e o povo russo. E essa é também uma questão que nos importa, porque tem a ver com a paz, com a segurança das fronteiras da Europa.
Queremos, pois, desejar que, apesar desta tragédia, este acontecimento trágico fique como um selo de reconciliação entre a Rússia e a Polónia.
O Presidente Lech Kaczynski queria visitar-nos em Maio. E, em certo sentido, visitou-nos, porque, a solicitação da Sr.ª Embaixadora da Polónia, que saúdo, nós constituímos um Grupo de Amizade PortugalPolónia a propósito dessa visita.
Quero acreditar que a actividade desse Grupo de Amizade, que constituímos, ficará na vida do nosso Parlamento como um selo da amizade luso-polaca. Desejo que essa amizade possa fortificar e consolidar as relações de amizade entre os nossos doispovos e a democracia na União Europeia.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Mendes Bota.

O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Setenta anos depois da II Guerra Mundial, esta continua a fazer vítimas, desta vez sob o eco da evocação dos massacres que, então, foram cometidos, nomeadamente o massacre de Katyn, onde 20 000 oficiais polacos foram barbaramente chacinados pelas forças da polícia secreta do NKVD do regime soviético da altura.
Efectivamente, foi nesta tentativa de reconciliar com a história dois grandes povos — o polaco e o russo — que o Presidente Kaczynski faleceu em condições extremamente dramáticas, missão que é de elogiar.
A lista de mortos é enorme e, como o Sr. Deputado Ribeiro e Castro já aqui evocou, nós tivemos também a «nossa dose», em 1980, pelo que compreendemos o sentimento de dor, de pesar, de luto nacional que neste momento passa pelo povo polaco. Porque não se trata apenas da morte de um Presidente da República, mas também de muitos mais dignitários, ao nível político, civil e militar.
Hoje, temos de prestar homenagem a um homem, Lech Kaczynski, que era um jurista conservador, católico, mas que engrossou as fileiras do Movimento Solidariedade antes do final da ditadura na Polónia.
Era um homem experiente, honesto, foi presidente do Tribunal de Contas, foi Ministro da Justiça, foi Presidente da Câmara de Varsóvia e, nesse desempenho, conseguiu granjear a admiração dos seus compatriotas, porque combateu o crime organizado e procurou dar justiça e segurança ao seu povo.
Não partilhamos da sua ideia relativamente à pena de morte e também gostaríamos que tivesse tido uma outra posição em relação à União Europeia, que facilitasse mais o seu caminho, mas, obviamente, curvamonos perante a sua memória.
O PSD e o seu Grupo Parlamentar, juntamente com os demais grupos parlamentares e os mais altos dignitários da nação portuguesa, exprimimos à nação polaca as nossas respeitosas condolências e o nosso pesar.
A terminar, gostaria de dizer que poderemos ter homens que morrem por acaso, que morrem em circunstâncias dramáticas, mas diria que, quando morrem numa missão que procura a aproximação entre os povos, poderá ser uma missão que traga uma grande glória e traz, seguramente, uma grande honra.
E, tal como dizia Isócrates, «morrer é o destino comum dos homens; morrer com glória é o privilégio do homem virtuoso.» Saudamos, pois, esse homem virtuoso.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Pureza.

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