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39 | I Série - Número: 025 | 27 de Novembro de 2010

Afirmou-se como seu defensor, desde os bancos do liceu, mas o seu primeiro grande combate contra a ditadura travou-o na Universidade de Coimbra, na crise académica de 1962, de onde acabaria expulso e, nessa sequência, sentiu a dureza da guerra colonial por dentro, na Guiné, sem poder concluir o seu curso.
Foi sempre um lutador esclarecido contra o regime e desempenhou um papel relevante no alvorecer de Abril.
Homem de elevada craveira intelectual e política, sempre se entregou às causas e missões públicas com total desprendimento e em defesa de valores e de princípios em que acreditava, muitas vezes com sacrifício da vida pessoal.
Sempre se norteou por uma conduta de honestidade, sentido de justiça e coerência, que estiveram bem patentes nas funções como Deputado, eleito nas listas do Partido Socialista, na Assembleia da República, entre 31 de Maio de 1983 e 13 de Novembro de 1985, como Adjunto no Governo Civil do distrito de Viseu, como Vereador e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Nelas e como Membro da Assembleia Municipal de Nelas.
A sua visão de futuro, o seu sentido estratégico, a sua perseverança e capacidade de diálogo cativaram a admiração de todos e fizeram dele uma referência incontornável, sobretudo no desenvolvimento económico e social do seu concelho de Nelas, território pelo qual muito lutou, procurando a melhoria e bem-estar das condições de vida das suas populações.
Ágil na argumentação, culto no discurso, leal para com os adversários políticos, sereno na palavra e afável no trato, ficará para sempre lembrado como um homem de afectos, desprendido dos bens materiais, mas com um raro sentido de solidariedade e coesão familiares.
A Assembleia da República presta sentida homenagem à memória de Rui Neves e apresenta, em nome de todos os grupos parlamentares, à sua família, nomeadamente à sua esposa, filha e netos, as mais sentidas condolências.

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos proceder à votação do voto que acabou de ser lido.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Passamos ao voto n.º 74/XI (2.ª) — De pesar pelo falecimento do ex-Deputado e militante do PCP Joaquim Gomes, apresentado pelo PCP.
Tem a palavra o Sr. Secretário para proceder à respectiva leitura.

O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:

Joaquim Gomes, nascido na Marinha Grande a 9 de Março de 1917, foi, como tantos da sua época, um dos homens que não deixaram ser meninos.
Aos 6 anos de idade é já operário aprendiz na indústria vidreira, com 14 anos ingressa na Federação da Juventude Comunista e poucos anos depois torna-se militante do Partido Comunista Português.
Participa activamente nas lutas dos aprendizes por reivindicações salariais e contra o trabalho violento e as arbitrariedades do patronato e é no desenvolvimento destas lutas, que tiveram expressão máxima na histórica insurreição de 18 de Janeiro de 1934, que é preso pela primeira vez.
Após a sua libertação assume importantes responsabilidades na reorganização do PCP na Marinha Grande, na distribuição da imprensa deste Partido e, já na clandestinidade, integra a Comissão Política do Comité Central do PCP.
Foi preso três vezes pela PIDE e, das duas que fugiu da prisão, fica marcada na história a fuga de Peniche com Álvaro Cunhal, Jaime Serra, Carlos Costa e outros destacados militantes do PCP.
Joaquim Gomes foi Deputado eleito pelo distrito de Leiria entre 1976 e 1987.
Afável e discreto para quem com ele partilhava o quotidiano, assumiu até ao fim dos seus dias tarefas no seu Partido.
Joaquim Gomes faleceu, com 93 anos de idade, no passado dia 20 de Novembro e deixa-nos o exemplo e as recordações de uma vida de coragem e resistência ao fascismo, pela liberdade e pela democracia.

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