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53 | I Série - Número: 028 | 10 de Dezembro de 2010

da década de 90, o Prof. Ernâni Lopes enunciava essas teses nas páginas da SaeR (Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco). Quando, hoje, os mesmos fogem à responsabilidade em que o País se encontra, dando a ideia de que tudo aconteceu porque nos caiu em cima uma crise internacional, temos de dizer que não foi porque não tivesse havido cidadãos, como o Prof. Ernâni Lopes, a esclarecer e a alertar, para as consequências das opções estratégicas que os governos do PS e do PSD assumiram no plano europeu, nomeadamente com a adesão ao euro, mesmo estando de acordo com elas.
Sr. Presidente de Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar do PCP associa-se ao voto de pesar pelo falecimento do Prof. Ernâni Lopes.

Aplausos do PCP, do PS, do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, ao contrário de outros que falaram hoje, não poderei invocar um conhecimento pessoal e directo do Prof. Ernâni Lopes, ainda que me tivesse cruzado com ele uma ou outra vez, mas ouvi e recordei, na linha do que foi dito pela Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, as palavras de um amigo nosso, desta bancada em particular, o Dr. Bagão Félix, quando lembrava — e penso que era essa a última expressão dele — que o Prof. Ernâni Lopes tinha partido cedo e que lhe restava agora chorar um amigo.
Não tinha essa proximidade com o Prof. Ernâni Lopes, mas reconheço — como reconheceremos todos, seguramente — nas palavras deste voto muito daquilo que era a identificação do seu carácter e da sua personalidade: seriedade, honestidade intelectual, inteligência invulgar e visão estratégica. Diria, talvez, para além disto, compromisso e fé, que talvez sejam duas palavras que pudéssemos aplicar ao Prof. Ernâni Lopes.
E se quisermos escolher uma só palavra, talvez escolhêssemos integridade, como a definição daquilo que ele era e daquela que era a sua personalidade.
Do Prof. Ernâni Lopes destaca-se o percurso que foi evocado, e bem, e, particularmente, a coragem, a determinação e essa mesma integridade com que ele fez face, há 30 anos, a um dos momentos mais difíceis do Portugal democrático, momento, de resto, que, de alguma forma, vemos repetido, se não agravado, nos dias de hoje.
O seu exemplo e a forma como ele salvou Portugal da bancarrota e, ao salvar Portugal da bancarrota, salvou a soberania portuguesa, é algo que perdurará para sempre na nossa memória.
A terminar, diria só que, não tendo tido ocasião de ter um contacto muito próximo com Ernâni Lopes, cruzei-me com ele, apesar de tudo, no combate que foi recordado pela Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite a propósito da regionalização de Portugal e, já numa fase posterior, também tive ocasião de me cruzar com ele naquelas que eram algumas das suas causas e das suas convicções, designadamente o seu combate a favor de uma visão estratégica do País voltado para o mar, muito em particular (e aí estive com ele várias vezes), em debates, conferências e colóquios em que ele sempre apontou como um dos caminhos fundamentais para o desenvolvimento do País o turismo, como sector estratégico para o desenvolvimento de Portugal, que era também outra causa onde ele era particularmente empenhado.
Diria, por isso, a terminar, que o Prof. Ernâni Lopes partiu cedo mas a sua visão estratégica para o País perdura, vai continuar, merece ser conhecida e estudada.
Perdemos um grande português. Perdemos um português empenhado e um patriota. Saudamos e prestamos homenagem à sua família e à sua memória.

Aplausos do PS, do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas, Srs. Deputados, separava-nos de Ernâni Lopes a distância de concepções económicas, a ideia muito particular e reiterada, enquanto economista e ministro, que, em períodos de ajustamento económico, ele deve ser feito à custa do factor trabalho.

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