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54 | I Série - Número: 028 | 10 de Dezembro de 2010

Todavia, isso não nos impede de, neste momento, reconhecer, com respeito e apreço, quer a capacidade de polemista do Prof. Ernâni Lopes, quer o seu sentido pluralista.
Devo recordar que, antes do 25 de Abril, era dos poucos que conseguia em espaço público fazer referências a Marx e a outros autores proibidos e destacar a forma leal e rigorosa e a informação detalhada que sempre prestou a todos os grupos parlamentares e partidos políticos enquanto teve responsabilidades políticas relacionadas com o processo de integração na União Europeia, Nestas circunstâncias, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda endereça a sua mensagem de pesar à família e a todos os seus amigos.

Aplausos do BE.

Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 81/XI (2.ª) — De pesar pelo falecimento do Professor Ernâni Rodrigues Lopes (PS e PSD).

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

É o seguinte:

Ernâni Rodrigues Lopes, um dos mais reputados economistas portugueses, faleceu aos 68 anos no passado dia 2 de Dezembro.
Seriedade, honestidade intelectual, inteligência invulgar, visão estratégica são algumas das palavras que muitos proferiram nos últimos dias sobre Ernâni Lopes, as quais podem ser sintetizadas em duas únicas — Ernâni Lopes era um português de excelência.
Nasceu em Lisboa no ano de 1942. Concluiu a Licenciatura em Economia no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISEG) em 1964 e o Doutoramento na Universidade Católica Portuguesa em 1982.
Era Professor de Economia e Director do Instituto de Estudos Europeus desta instituição.
A sua extensa vida profissional, quer no meio académico, quer no mundo empresarial, quer em funções públicas, ficou sempre caracterizada pelo seu empenhamento ilimitado, pela sua capacidade de trabalho e pelo seu sentido do dever.
De facto, após cumprir o serviço militar como Oficial da Reserva Naval, entre 1964 e 1967, iniciou a sua carreira profissional como Assistente Técnico do Serviço de Estatística e Estudos Económicos. Mais tarde, entre 1985 e 1989, voltou ao Banco de Portugal como consultor económico. Ao longo do seu percurso exerceu também esta função de consultor económico para várias empresas, instituições e governos.
É uma referência na história política portuguesa e na integração de Portugal na União Europeia. Entre 1975 e 1979, foi Embaixador de Portugal em Bona e, entre 1979 e 1983, foi Chefe de Missão de Portugal junto das Comunidades Europeias em Bruxelas, tendo sido responsável pelas negociações para a adesão de Portugal.
No IX Governo Constitucional, entre 1983 e 1985, foi Ministro das Finanças. Nessa qualidade foi signatário dos Actos de Adesão de Portugal e da Espanha à União Europeia.
Actuou sempre de uma forma activa e construtiva na sociedade. Foi membro fundador de diversas entidades, tais como, o Instituto Humanismo e Desenvolvimento e o CR XXI — Clube de Reflexão. Entre 1987 e 1996, foi membro da Comissão Nacional de Justiça e Paz. Exerceu, ainda, cargos sociais em diversas instituições, nomeadamente, na Associação Portuguesa de Economistas, na Associação Portuguesa de Analistas Financeiros e na Associação dos Oficiais da Reserva Naval. Era Presidente da Fundação Luso Espanhola.
Nos últimos anos, mais distanciado da vida política, nunca deixou de intervir na defesa de causas que considerava estratégicas para Portugal, as quais sobrepunha sempre aos problemas conjunturais do País.
Realça-se o estudo que coordenou O Hypercluster da economia do mar, que avaliou as potencialidades que este recurso criaria no nosso país.
Enquanto lutava contra a doença, continuou a participar civicamente na nossa sociedade, com palavras que devem merecer a nossa reflexão.
De facto, Ernâni Lopes partiu. Mas o seu exemplo, os seus alertas, o seu sentido de responsabilidade, a sua credibilidade, o seu pensamento sobre Portugal perdurarão no amanhã.

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