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11 | I Série - Número: 055 | 24 de Fevereiro de 2011

exercício do mais absoluto irrealismo, uma coisa sem sentido. Esvaziou uma série de palavras, todas elas com uma aparente repercussão ética e moral muito poderosa, mas com o problema muito grande, do ponto de vista político, de não terem qualquer consequência prática verdadeiramente operativa.
Em que estado ficaríamos nós e os outros povos do mundo se, porventura, as democracias, como aquela em que vivemos, adoptassem, como princípios de política externa, os princípios vagos que V. Ex.ª, há pouco, acabou de enunciar na sua intervenção?

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Francisco de Assis (PS): — Isso significaria que estávamos condenados a não falar uns com os outros, que estávamos condenados a viver em blocos absolutamente fechados e que não haveria qualquer possibilidade de estabelecer relações, fosse de que forma fosse, no plano internacional.
Não é esse o nosso caminho. O nosso caminho é de exigência — e sempre foi de exigência.
Uma vez mais, quero lembrar-lhe, Sr. Deputado, que não temos por costume a pretensão de vir aqui dar lições de democracia a quem quer que seja, mesmo àqueles em relação aos quais estamos convencidos de que teríamos condições para as dar.

Aplausos do PS.

Mesmo nesses casos, nunca temos a pretensão de o fazer.
Agora, o que não aceitamos é receber qualquer lição de valorização dos direitos humanos e de respeito pelos princípios fundamentais da liberdade e da democracia vinda da bancada do Bloco de Esquerda. Por uma razão muito simples: por respeito pelo nosso passado e por respeito pelo passado de muitos que sofreram por esse planeta fora os resultados de muitas políticas que também inspiraram o Bloco de Esquerda.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Pureza.

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco de Assis, agradeço-lhe as questões que me colocou.
Sr. Deputado, com toda a franqueza, quero dizer-lhe que respeito muito o passado e a trajectória de todos os socialistas que se mantiveram sempre fiéis aos valores fundadores do Partido Socialista. E é justamente por isso que me causa a maior perplexidade e, digo-lhe mais, a maior indignação que, em situações como esta que aqui hoje estamos a discutir, como aquela que discutimos há 15 dias a propósito da luta pela democracia no Egipto, e como aquela que discutimos há meses em relação à ignóbil expulsão de ciganos por Sarkozy, a bancada do Partido Socialista tenha feito uma clara declamação daquilo que são hoje as vossas efectivas convicções.

Vozes do BE: — Muito bem!

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — E isso, Sr. Deputado, causa indignação não só a mim mas também, estou certo, a muitas e muitos socialistas que se mantêm fiéis aos propósitos fundadores do seu partido.

Aplausos do BE.

Quero também dizer-lhe, Sr. Deputado Francisco de Assis, que esse jogo que o senhor entendeu fazer na sua intervenção entre realpolitik e irrealismo é justamente aquilo que sobressai nas atitudes concretas do Governo do Partido Socialista, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da bancada parlamentar do Partido Socialista em todos os episódios em que têm estado em discussão nesta Câmara os direitos humanos e a democracia. Lamento dizê-lo, mas é exactamente assim, porque as coisas não se vêem pela retórica dos princípios mas pelos concretos resultados e pelas concretas votações.

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