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9 | I Série - Número: 055 | 24 de Fevereiro de 2011

Mas essa prudência não é mais do que um disfarce da ignorância e do cinismo. A Europa não quer perceber que o seu apoio ignóbil às ditaduras no Magrebe e em todo o mundo árabe, ao longo de décadas, foi um dos alimentadores mais importantes da sedução desses povos pelos discursos irredentistas. Como disse muito acertadamente a eurodeputada Ana Gomes, «se há um perigo fundamentalista ou terrorista, ele resulta do apoio a Kadhafi e à sua ditadura sanguinária».
A Europa errou e continua a errar, porque mostra medo da democracia. Afinal, nada que nos surpreenda: de quem teme que os próprios europeus se pronunciem sobre os destinos da Europa não se esperava outra coisa que não fosse a indiferença cúmplice diante da democracia querida por quem está aqui ao lado.

Aplausos do BE.

Há duas semanas, PS e PSD juntaram-se aqui, na Assembleia da República, para reprovar um voto do Bloco de Esquerda de saudação à luta pela democracia no Egipto. Prudência, recomendaram-nos então; «moralismo bacoco», sentenciou a bancada do PS.

Protestos do Deputado do PS Francisco de Assis.

Para esta coligação que nos governa, a diplomacia económica é um detergente que tudo branqueia e que aniquila princípios e inteligência política às mãos do império dos negócios.
O Bloco de Esquerda quer ser claro a respeito do que de essencial está aqui em jogo. É da maior importância uma estratégia coerente de internacionalização das relações económicas do País e Portugal deve ter relações normais no comércio, na energia e na indústria com os outros países. Mas há uma fronteira entre a diplomacia económica e a promiscuidade com as cleptocracias, e essa fronteira tem que ser nítida e intransponível para qualquer democracia que se preze.

Aplausos do BE.

Que Portugal tenha relações comerciais normais com qualquer país do mundo é do domínio da sensatez.
Mas que os nossos governantes declarem a sua admiração pelos tiranos, que façam de figurantes nas suas operações de relações públicas, que enviem as Forças Armadas para abrilhantarem o cerimonial do regime, que contribuam para ocultar a realidade da pobreza que é imposta a essas populações, isso é totalmente inaceitável! Que o Primeiro-Ministro José Sócrates qualifique Kadhafi como «um líder carismático» ou que o Ministro dos Negócios Estrangeiros tenha marcado presença na sumptuosa tenda em que se comemoraram os 40 anos do regime líbio, isso é algo que a diplomacia económica não pode justificar!

Vozes do BE: — Muito bem!

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — De facto, Luís Amado, que hoje protestou contra a violência nas ruas líbias, há dois dias, quando os mortos já se contavam às centenas, não só não condenou o regime por esses massacres como entendeu que a prioridade era advertir contra os riscos do extremismo islâmico que ele cria estarem por detrás das manifestações populares que exigiam a democracia.
Quem viu, como todos vimos, a inenarrável conferência de imprensa de ontem, em que Kadhafi, durante quase uma hora, usou esse mesmíssimo argumento dezenas de vezes, só pode ter sentido vergonha com o paralelismo objectivo entre o raciocínio de Luís Amado e a argumentação de um torcionário. A correcção de hoje não muda a brutal insensibilidade de ontem.

A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Muito bem!

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Porque há em toda a política do governo português um elemento essencial de continuidade. O Governo coloca-se sempre ao lado dos silêncios, do lado da obediência a interesses particulares, e não ao lado do interesse geral que é o interesse da liberdade, o interesse da

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