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24 | I Série - Número: 073 | 21 de Abril de 2011

E os mesmos partidos que dizem aqui, com um ar absolutamente tonitruante, que é preciso combater-se o desperdício, porque o desperdício ç elevadíssimo, quando se adoptam princípios de boa gestão, aqui d’el-rei, porque falta o essencial. E quando se pergunta o que é que de essencial falta, o que se constata é que, afinal, foi uma marca de leite especial para bebé que, num determinado hospital, uma mãe queria dar ao seu filho e que o hospital não tinha, porque, como é evidente, o hospital aprovisiona-se de acordo com concursos públicos e não tem de ter todas as marcas do mercado.
Ao mesmo tempo que defendem convictamente a importância dos genéricos, a prescrição por DCI e a guerra às marcas, como se as marcas fossem algo de absolutamente inadequado e pecaminoso, dizem que um hospital público tem de ter aquele leite que aquela mãe compra para o bebé, porque o hospital, quando fez os seus aprovisionamentos no princípio do ano, tinha de adivinhar que deveria ter aquela marca de leite, porque iria aparecer uma mãe que queria dar aquela marca de leite ao seu bebé.
Sr.as e Srs. Deputados, é, pois, neste contexto que nos encontramos.
Referindo-me ao caso da Maternidade Dr. Alfredo da Costa (MAC), que foi o que serviu de pretexto à discussão de hoje na Comissão Permanente, tão depressa o Ministério é condenado porque dá instruções aos seus directores dos estabelecimentos e lhes retira toda a autonomia, ou, se um gestor resolve, de uma maneira porventura criticável, encontrar, com criatividade, alternativas, aqui d’el-rei, é altamente criticado.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas falta dinheiro ou não?

A Sr.ª Maria de Belém Roseira (PS): — Certamente que, numa apreciação da tutela, a atitude do gestor foi criticada, tendo-lhe sido dada orientação no sentido de que, se pretendia atrair donativos… Protestos do PCP.

Na MAC não há necessidade de qualquer actividade muito imaginativa para atrair donativos. Não sei se algum dos Srs. Deputados já foi gestor de uma instituição hospitalar. Eu já fui, por acaso, de mais do que uma, e posso dizer que ç correntíssimo… O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas nós também podemos falar sobre o assunto!

A Sr.ª Maria de Belém Roseira (PS): — Com certeza, Sr. Deputado. Vou já explicar onde quero chegar.
Quando as pessoas são bem atendidas, que é a situação mais frequente nas nossas instituições, gostam de ter uma atitude de reconhecimento perante esse estabelecimento. Acontece muitas vezes perguntarem o que podem fazer para ajudar a instituição a servir ainda melhor. Repito que essa situação é correntíssima, é muito frequente, mas as Sr.as e Srs. Deputados e os portugueses com certeza não sabem isso, porque as notícias boas não vêm no jornal. Portanto, porventura perante algumas insistências nesse sentido, o director da MAC entendeu fazer aquela sensibilização generalizada, o que não foi entendido conveniente.

O Sr. Presidente (José Vera Jardim): — Atenção ao tempo de que dispõe, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Maria de Belém Roseira (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Portanto, Sr.as e Srs. Deputados, foi dito ao gestor que não continuasse com essa atitude. Mas, Sr.as e Srs. Deputados, um donativo ao Estado nunca foi e nunca será um tributo. Trata-se de algo que salientamos, que sublinhamos e que reconhecemos como importante.
Quando passamos a vida a encher a boca com as palavras de Kennedy «Não perguntes o que a América pode fazer por ti; pergunta o que podes fazer pela América», é extraordinário, mas quando se suscita dos portugueses uma atitude de não serem sempre eles a serem objecto mas sujeitos da acção do Estado já toda a gente discorda.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Que discurso mais neoliberal!

A Sr.ª Maria de Belém Roseira (PS): — Não é neoliberal, Sr. Deputado.

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