I SÉRIE — NÚMERO 3
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O Sr. Basílio Horta (PS): — Pelo contrário, lembro-me de o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros, meu amigo Dr. Paulo Portas, dizer, com clareza, que jamais poderia votar a favor do aumento de
impostos…
O Sr. Mota Andrade (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Basílio Horta (PS): — … e de, quando se falou no aumento do IVA sobre a TSU, ter dito que «o CDS
está contra e votará contra esse aumento de imposto»! Lembro-me bem das suas declarações!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É o tal déjà vu!
O Sr. Basílio Horta (PS): — E isso também não está no Programa do Governo.
Mais: se bem me recordo, o Sr. Presidente da República disse que já eram demais os sacrifícios pedidos
aos portugueses. Quase que me atrevia a perguntar ao Sr. Primeiro-Ministro se comunicou ao Sr. Presidente
da República que ia anunciar este aumento de impostos na sua primeira intervenção nesta Assembleia.
Aplausos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, a diferença entre o PEC 4 e este «PEC 5» é mais de grau do que, propriamente, de
orientação e V. Ex.ª votou contra o PEC 4 e estamos bem recordados dos argumentos que utilizou quando o
fez.
Aplausos do PS.
O problema, Sr. Ministro das Finanças, é o tal pacto de confiança. Não chega falar do pacto de confiança, é
necessário construí-lo com verdade e com transparência. E se este é o critério de verdade e de transparência,
estamos conversados.
Aplausos do PS.
O segundo aspecto que tem a ver com o crescimento económico é a configuração do Ministério da
Economia, a que, creio, só o grande talento e a grande experiência canadiana do Sr. Ministro da Economia
poderão fazer face.
Protestos do PSD.
A experiência canadiana do Sr. Ministro da Economia é utilíssima, porque o Canadá é uma grande
economia com quem podemos aprender muito.
O problema está, fundamentalmente, na ligação entre a economia e o emprego. Como não há Ministério do
Trabalho, toda a problemática do trabalho vai ser colocada no emprego e no seu Ministério, Sr. Ministro da
Economia.
No entanto, quando olhamos para o Programa do Governo, começamos a ver o regime dual do contrato de
trabalho, o banco de horas individual, o atirar para o lado da negociação colectiva em prol de negociações
individuais, a estabilidade do contrato de trabalho a ser posta seriamente em causa. E não se diga, Sr.
Primeiro-Ministro, que falar no despedimento da função pública por mútuo acordo não quer dizer nada. É que
se fosse por mútuo acordo escusava de o dizer, visto que, de acordo com a nossa Constituição, não pode
fazer despedimentos sem ser por mútuo acordo.
Aplausos do PS.
Portanto, a questão que se coloca, quanto ao tal pacto de confiança de que o Sr. Ministro das Finanças
falava, é que é muito provável que no Conselho de Concertação Social os trabalhadores e as suas