2 DE JULHO DE 2011
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O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — É por isso que costumo dizer que tão ou mais
importante do que o sentido de Estado é o sentido comum. E é em nome do sentido comum que quero afirmar
este princípio: no Governo, procuraremos respeitar a Assembleia da República, tal como exigíamos quando
estávamos desse lado, na oposição.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — O que pedíamos para nós é a medida exacta
do que temos de saber praticar com os outros.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em apenas três semanas, o País tem Primeiro-Ministro, tem
Governo, e o Governo tem Programa.
Os preceitos constitucionais cumpriram-se com observada eficácia e rapidez. Os mais atentos aos detalhes
notam até que foi possível a dois partidos chegar a uma coligação, a um acordo programático e a uma
composição de governo bastante mais depressa do que estávamos habituados a ver em executivos
monocolores.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Também sucede que um Governo que
assenta numa maioria de dois partidos consegue ser substancialmente mais reduzido do que a tradição
autorizava, quando se tratava de executivos monocolores.
Esta diferença — na eficácia e na contenção — não é um detalhe; é um sinal. É o sinal de que Portugal, na
situação em que se encontra, tem de aproveitar ao máximo o tempo de que dispõe; e é também uma regra de
coesão, na medida em que a contenção na formação do Governo diminui a dispersão e aumenta o espírito de
equipa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É já possível identificar mudanças também do ponto de vista da atitude política. Pela primeira vez em
muitos anos, uma discussão sobre o Programa do Governo não começa por uma enervante discussão sobre o
passado. O julgamento de uma governação acontece nas eleições. Está feito. As eleições terminaram com a
contagem dos votos. A tarefa de um governo é prever, antecipar, executar e decidir. Foi com esse espírito que
aqui entrámos.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Os portugueses, tão cépticos sobre o
funcionamento das instituições, teriam estranhado que caíssemos na tentação de repetir argumentos utilizados
durante a campanha eleitoral por mais favoráveis que fossem ao Governo. São conhecidas as
responsabilidades, as facturas, os encargos e os ónus.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Do que Portugal precisa, neste momento, não
é de querelas políticas, é de soluções económicas. Do que Portugal precisa, neste momento, não é de ajustes
de contas, é de contas certinhas no fim do ano. Do que Portugal precisa, neste momento, não é de agitação
social, na eterna esperança de substituir a legitimidade política pela vanguarda da rua; é de uma cultura de
compromisso político e de acordo social.