2 DE JULHO DE 2011
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O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — O acordo social não é apenas um dever legal
em inúmeras áreas. É uma prioridade nacional para Portugal poder ser bem governado.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Este espírito de compromisso e abertura foi
uma nota bastante nítida nos nossos debates de ontem e hoje. Aí está uma prova de envergadura, que não
deve esgotar-se neste debate. Pela parte do Governo, manteremos este tom e cultivaremos esta atitude.
Haverá sempre quem pense — um pensamento que a história já se encarregou de fazer caducar — que
não é nos Parlamentos que se faz a luta. Convém ter em consideração, porém, um facto: há menos de um
mês, o povo português votou e, votando, falou; fê-lo na consciência da extrema dificuldade da situação
nacional.
Protestos do Deputado do PCP Bernardino Soares.
Na escolha do povo, prevaleceu o voto naqueles partidos que assumiram o compromisso de cumprir o
memorando de ajuda externa.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Se isso aconteceu foi porque os portugueses
tiveram a sabedoria de entregar responsabilidades a quem entende pôr o sentido de responsabilidade acima
de tudo e aceita o encargo de governar precisamente quando é mais difícil, facto de que dá ao País um
contributo mais positivo e construtivo do que a mera facilidade de quem nunca aceita responsabilidades e se
considera até dispensado de propor soluções, na certeza de que soluções são algo levemente mais complexo
do que cartazes ou slogans.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Se o povo português teve esta sabedoria — votar sobretudo nos partidos que sabem que o momento é
difícil e que governar, neste momento, ainda mais difícil é —, o que o povo português espera de todos nós, e
até gostaria que fosse partilhado por todos nós, é que estejamos à altura.
Quando os portugueses vêem as imagens de desesperança e de instabilidade que nos chegam às vezes
de outros países da zona euro, certamente há um bom senso geral que não recomenda imitações.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Os portugueses premiaram, politicamente, a
responsabilidade. Creio que os portugueses também premiarão quem estiver disponível para uma cultura de
compromisso político e de acordo social e que não terão demasiada indulgência para com aqueles que
queiram ignorar o voto popular e cansar o País com recurso a greves sistemáticas, sem procura prévia de um
ponto de acordo que tenha em conta as circunstâncias de Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É que a construção da esperança em dias melhores também implica um cuidado, que devia ser partilhado
entre todos: o de não piorar os dias do presente, que são já suficientemente difíceis.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Ontem, o Governo anunciou que teria de ser tomada uma medida
desagradável e bem pouco popular, qual seja a de uma contribuição especial que poderá representar 50% do
subsídio de Natal, com diferenciação positiva sobre os rendimentos mais baixos. Do anúncio dessa medida
quero apenas destacar três notas.