2 DE JULHO DE 2011
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Diz a lei que os centros distritais da segurança social têm um director e directores-adjuntos. O Governo
tomou a decisão de não nomear, em cada distrito, um director-adjunto.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Porque não são indispensáveis, havendo um
director, porque, emblematicamente, são despesa que não prejudica ninguém poupar e, ainda, do ponto de
vista conceptual, há também aqui um sinal pragmático sobre a velha questão dos «jobs for theboys». Como
alguém diria, a maneira mais eficaz de terminar com a tentação dos boys é mesmo terminar com a profusão
dos jobs!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Temos todos de saber compreender que há uma exigência cívica nesta matéria. Aliás, a reforma das
estruturas do Estado e do seu sector empresarial, bem como a intenção, ontem confirmada pelo Primeiro-
Ministro, de restabelecer hierarquias de mérito na alta Administração Pública, são o corolário de que é possível
fazer um caminho pelas boas práticas.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados:
Nunca como hoje a política externa esteve tão vinculada à situação interna. Este facto, ainda não
suficientemente notado, tem uma explicação: o primeiro dever de um Ministro dos Negócios Estrangeiros de
Portugal, na conjuntura difícil em que o País se encontra, é fazer tudo o que estiver ao seu alcance para
melhorar a percepção externa sobre Portugal, o que significa mobilizar toda a competência — que é muita —
da diplomacia portuguesa de acordo com uma estratégia coordenada, profissional e rigorosa, para demonstrar,
junto dos outros países, dos outros governos, das instituições, das opiniões públicas e dos mercados, que
Portugal é mesmo capaz de ultrapassar esta situação.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Nesta matéria, quero destacar algumas regras que me parecem elementares para o bom sucesso da
missão.
A primeira é prevalência da acção sem descurar a palavra. Faço parte daqueles que entendem que, nesta
crise da divida soberana, Portugal não pode errar e Portugal não pode falhar, o que significa que tem de
cumprir. Seria mal recebido um Governo que começasse por hesitar ou adiar. A palavra dada pelo Estado
português é para honrar e não tenho dúvidas que, quanto mais honrarmos, mais cedo recuperaremos a nossa
autonomia enquanto Estado e a nossa liberdade enquanto Nação; se optássemos por não cumprir, o que
estaríamos a fazer era piorar o caso de Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Também faço parte daqueles que acreditam que se é verdade que Portugal precisa de cumprir, também é
verdade que a União Europeia tem a ganhar, nesta situação altamente complexa e crítica, com um caso que
corra bem.
É a conjugação destes dois factores que nos dá uma oportunidade, que é estreita, porque as circunstâncias
são voláteis, mas que precisa de ser aproveitada. Dizer que Portugal é um caso diferente é importante, mas
provar que Portugal é um caso diferente — com factos nítidos, decisões corajosas, altitudes preventivas,
medidas credíveis e opções difíceis — é mesmo o mais importante da nossa função.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.