I SÉRIE — NÚMERO 8
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Por isso, saudamos a concentração, de hoje à tarde, dos utentes dos transportes da Linha do Sado e da
margem sul do Tejo, no Pinhal Novo. Por isso, saudamos a jornada de luta da FECTRANS — Federação dos
Sindicatos dos Transportes e Comunicações, contra o aumento dos preços dos transportes. Por isso,
saudamos a concentração na baixa do Porto, na próxima segunda-feira à tarde.
Estas são acções concretas em que trabalhadores e utentes dos transportes públicos se mobilizam, se
organizam e respondem com uma luta concreta contra esta política, que tem de ter uma resposta muito firme e
muito determinada. Daqui saudamos estas acções e continuaremos a combater esta política em sede de
Assembleia da República.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se para pedir esclarecimentos dois Srs. Deputados.
Tem a palavra, em primeiro lugar, a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado, saúdo-o pelo tema que trouxe aqui, hoje. O
aumento dos transportes públicos é inaceitável e escandaloso. À medida que vamos tendo ideia de como
estes aumentos são feitos, mais clara se torna a violência social e o desastre económico que estes aumentos
dos transportes públicos representam.
Será bom deixar aqui uma nota: estes aumentos não são cegos; muito pelo contrário, são socialmente
muitos penalizadores, porque, à medida que vamos sabendo como eles se distribuem, constatamos que
penalizam especialmente quem mora nas periferias, onde os aumentos ainda são maiores do que nos centros
das cidades.
Portanto, as famílias com menos recursos, que foram empurradas para habitações nas periferias e nos
subúrbios, vão ser mais penalizadas com aumentos ainda maiores do que os aumentos nos centros das
cidades. Se estes aumentos são incomportáveis tanto nos centros das cidades de Lisboa e Porto como nas
periferias, é nas populações que foram empurradas para os subúrbios que ele é ainda mais penalizador e
onde se vê a sua grande injustiça económica.
Sr. Deputado, o Bloco de Esquerda faz três reflexões sobre estes aumentos, e gostaríamos de saber se
também vê estas três consequências.
Parece-nos que estamos numa trajectória para o fim do passe social, que foi uma conquista da
democracia. Agora, quando nos deparamos com estes aumentos de tarifário, em que o passe social, nalguns
casos, aumenta mais do que o bilhete simples, vemos o fim do passe social a aproximar-se com toda a
violência que isso significa do ponto de vista do direito da mobilidade e dos direitos dos trabalhadores e das
trabalhadoras.
Vemos também que este é um percurso para a privatização e que, portanto, vai ter consequências até no
desenho geográfico dos transportes públicos, da coesão territorial, dos direitos às mobilidades das
populações. Este aumento de preços também nos preocupa por ser um caminho para as privatizações.
Finalmente, vemos que estes aumentos são um incentivo claro ao transporte individual e, portanto,
representam um aumento do nosso défice externo por via do aumento da energia que consumimos, um
atentado ao meio ambiente e à mobilidade dentro dos centros das cidades.
Estes aumentos estão a transfigurar completamente o direito à mobilidade das populações e também o
desenho das cidades, o que vai provocar consequências sociais e económicas extraordinariamente
penalizadoras.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — O Sr. Deputado Bruno Dias informou a Mesa que vai responder a cada um dos
Deputados individualmente e eu informo o Sr. Deputado Bruno Dias que, para além da próxima inscrição do
CDS, há mais uma do Sr. Deputado Luís Menezes. Portanto, tem mais duas inscrições para pedidos de
esclarecimento.
Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.