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I SÉRIE — NÚMERO 14

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suspensão provisória de ligações na linha de Cascais para manutenção de motores, é, afinal, o encerramento

definitivo de linhas, ainda que o Ministro da Economia tenha dito, em Julho, em resposta ao Grupo

Parlamentar do Bloco de Esquerda, que a suspensão era só temporária. Afinal não é temporária, afinal vamos

deixar de ter ligações entre São Pedro do Estoril e o Cais do Sodré.

Esta tem sido a linha seguida a que é preciso pôr cobro.

O Bloco de Esquerda apresenta um projecto de resolução contra a privatização e a concessão das linhas

suburbanas da CP e irá acompanhar também a iniciativa legislativa do PCP.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para fazer a apresentação do projecto de lei do PCP, tem a palavra

o Sr. Deputado Bruno Dias.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Queremos daqui saudar os

trabalhadores ferroviários, os utentes do transporte público e todos os homens e mulheres que subscreveram

esta petição, erguendo a voz e dizendo não a esta política de entrega ao privado do transporte ferroviário e

exigindo à Assembleia da República medidas concretas para travar essa política.

O projecto de lei que o PCP aqui traz vem retomar uma proposta que já havíamos colocado, de revogação

do decreto-lei do governo PS que abriu o caminho a esta privatização, num verdadeiro exemplo de trabalho de

equipa com a chamada «tróica de cá», a tróica dos partidos da política de direita.

Não queremos aqui recomendar ao Governo que suspenda uma privatização; queremos impedir que o

Governo privatize, através da revogação que propomos desse decreto que funciona como um verdadeiro

manual de instruções para esta operação de venda ao desbarato de um serviço público fundamental para as

populações e para a economia do País.

Falam-nos da ineficácia da gestão pública e da eficiência da gestão privada, dizem-nos que o Estado não

tem vocação para gerir estes serviços e estas empresas e que não temos dinheiro para ter serviços públicos.

É preciso aqui dizer que a questão fundamental é termos serviços públicos de qualidade e a economia a

funcionar para que o País ultrapasse esta situação insustentável.

O que é preciso dizer é que há governantes e partidos que, esses sim, têm uma enorme vocação para

desmantelar, encerrar e vender ao desbarato aquilo que é de todos, para benefício de alguns.

É que não custa nada, Srs. Deputados, gerir o transporte ferroviário quando as tarifas são exorbitantes,

quando os trabalhadores vêem negados direitos nos salários e nas condições de trabalho e quando o Estado

garante e paga os défices de exploração, o investimento e o lucro.

Ou os Srs. Deputados não sabem que a Fertagus apresentou, no ano passado, um saldo positivo de 4,1

milhões de euros, depois de ter recebido 9,7 milhões de euros em indemnizações compensatórias do Estado?!

Quando as tarifas eram quase o dobro por quilómetro comparando com as da CP e quando o passe social não

é aceite por essa empresa, mesmo assim, ela registou agora um aumento de 7,5%, bem acima da inflação, à

boleia da tal sustentabilidade das empresas públicas!

Com esta política, Srs. Deputados, não custa nada os privados terem uma gestão lucrativa.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — O problema é que os Srs. Deputados, pelos vistos, não sabem que, se a CP

Lisboa recebesse do Estado o mesmo tratamento que a Fertagus recebe, apresentaria resultados positivos de

grande monta.

Queremos aqui afirmar, com muita clareza, o seguinte: aquilo que o País não se pode dar ao luxo de pagar

não é a defesa dos serviços públicos, é a engorda dos lucros privados!

Vozes do PCP: — Exactamente!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — O que é insustentável é esta política de direita!

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2 DE SETEMBRO DE 2011 49 Por isso, é indispensável e urgente romper com estas opçõe
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