3 DE SETEMBRO DE 2011
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Depois, falam das alternativas… Mas quais alternativas?! Aquelas estradas nacionais são alguma
alternativa? Estradas a passar dentro de localidades?! Camiões de transporte de mercadorias a passar dentro
de localidades?! Com algumas escolas junto a essas estradas nacionais, com as crianças a passearem por
essas estradas nacionais e com camiões a passar-lhes à frente?!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Isso é outra questão!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não, não é!
Já fizemos perguntas concretas sobre esta matéria, cuja leitura recomendo aos Srs. Deputados.
Sabem qual é o problema? Os Sr. Deputados agora estão a rir-se e a pensar «isso é demagogia».
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — E da má!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Mas os senhores não conhecem, ou não querem agora conhecer,
a realidade concreta do País.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Esse é que é o grande problema! Alheiam-se da realidade concreta do País, vivem agora lá por Bruxelas,
com a Sr.ª Merkel e afins, com a tróica e o FMI, e recusam-se a olhar para baixo. Mas é cá em baixo que está
a vida! E é cá em baixo que está a possibilidade de resolver os problemas do País. Assim se dê às pessoas a
oportunidade de poderem ser agentes dinamizadores da solução para o País!…
Ora, aquilo que os senhores estão a fazer é a amordaçá-las, a retirar-lhes essa oportunidade. O exemplo
destas portagens é absolutamente esmagador relativamente a essa matéria. E o País, assim, não vai lá!
Queremos soluções para o País, mas soluções credíveis, designadamente para o combate às assimetrias
regionais.
Tudo isto vai contra isso! E é isso que é absolutamente lamentável e, mais do que lamentável, revoltante.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr. Deputada Cecília
Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Este debate foi mais um momento
das «duas caras» da direita. Há uma «cara» na campanha eleitoral, com o compromisso que se assume
perante as populações, e há a «cara» dos compromissos programáticos, que, agora, «são sagrados»… E a
verdade é que os vossos autarcas seguem o exemplo, porque, na altura própria, falavam «com voz grossa»
contra as portagens e, hoje, vêm falar do destino e da fatalidade.
A verdade é que os Srs. Deputados respondem, hoje, perante as populações. E respondem à evidência: a
introdução de portagens nestas vias vai agravar a crise, o desemprego, a pobreza destas regiões. A
introdução de portagens na Via do Infante é uma injustiça colossal, que vai agravar a crise de uma região, a
região que tem a mais elevada taxa de desemprego do País e onde há mais gente carenciada a pedir ajuda.
Isto já não falando do turismo, dos riscos para a economia regional, para a actividade turística, de tudo o que
implica a introdução de portagens na Via do Infante.
Por isso, quero daqui saudar, para além dos peticionários, todos e todas que se envolveram nesta luta, que
se responsabilizaram por ela, todas as pessoas do Algarve, todos os algarvios que vieram para a rua
reivindicar aquela que é a razão justa, aquela que é uma exigência de uma região que precisa de alternativas.
Por isso, Sr.as
e Srs. Deputados, não vale a pena «enrolar» o debate, nem vir falar de um programa de que
se esqueceram, enquanto andaram a fazer campanha eleitoral e a falar com as populações, porque a verdade
é esta: estão disponíveis para agravar a crise, para contribuir para o agravamento do desemprego e da
pobreza nas regiões onde as portagens vão ser introduzidas?