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8 DE SETEMBRO DE 2011

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do Partido Socialista e vejo os rostos, alguns envergonhados, de quem levou Portugal a uma situação de pré-

falência!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Também para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada

Sónia Fertuzinhos.

A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as

e Srs. Deputados:

Sejamos claros — o aumento do IVA sobre a electricidade e o gás está previsto no Memorando da tróica, mas

não está lá previsto este aumento apresentado pelo Governo!

Aplausos do PS.

Nada obriga à antecipação deste aumento para Outubro de 2011, como nada obriga à passagem da taxa

reduzida de IVA de 6% para a taxa máxima de IVA, de 23%. Por isso, para o PS o que importa discutir hoje

não é o que faz parte do nosso acordo com a tróica,…

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Claro! Isso é evidente!

A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — … mas a opção do Governo, e da exclusiva responsabilidade do

Governo, neste aumento. A verdade é só uma: este aumento de 6% para 23% reforça a opção radical do

Governo de concentrar todo o esforço de ajustamento e consolidação orçamental para 2011 no aumento de

impostos.

Numa altura em que já são pedidos tantos sacrifícios às famílias e às pessoas, medidas como esta têm de

ser devidamente ponderadas e avaliadas nos seus efeitos. O Governo comprometeu-se, no seu Programa de

Governo, com um «visto familiar». Onde é que ele está a propósito desta medida? O Secretário de Estado

Carlos Moedas foi peremptório em dizer que o Governo tinha uma avaliação fundamentada de toda e cada

medida. O Parlamento não terá direito a conhecer essas fundamentações?

Na exposição de motivos da proposta de lei, o Governo justifica esta sua opção com duas razões

fundamentais: o cumprimento do Memorando da tróica e a tendência europeia. Quanto à primeira, julgo que

não restam dúvidas de que este aumento não está inscrito no Memorando. Quanto à tendência europeia,

também não é aqui que o Governo consegue justificar a sua opção. A Directiva do IVA, por exemplo,

recomenda que não se aplique a taxa mínima de IVA sobre estes bens, é verdade, mas não obriga a que se

aplique a taxa máxima; também recomenda, no entanto, que fiscalmente se favoreça mais a eficiência do

consumo do que o consumo, e sobre isto o Governo nada diz, como também pouco diz, adiando para mais

tarde, sobre a definição de medidas para salvaguardar as pessoas e as famílias mais vulneráveis.

O PS sabe que é muito difícil — e sempre o dissemos — conciliar o ajustamento dos défices e as medidas

de austeridade com a salvaguarda das condições essenciais ao crescimento económico e ao combate do

agravamento da situação social, mas é por isso mesmo que o PS é absolutamente intransigente e rigoroso na

avaliação de todas as medidas que impliquem um risco de agravamento da situação da nossa economia e da

vida dos portugueses e das portuguesas.

Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Até agora, e tendo em conta as medidas adoptadas e previstas para

2011, a única coisa que parece cada vez mais clara é que este Governo PSD/CDS-PP se rendeu à

austeridade e ao aumento de impostos e desistiu de ter políticas que garantam uma das preocupações

essenciais do Memorando da tróica (aí, sim): a promoção do crescimento, da competitividade e do emprego e

a protecção dos mais vulneráveis. Senão, vejamos: o Governo decidiu um imposto extraordinário

correspondente a 50% do subsídio de Natal, e com isso desistiu de uma política de combate ao desperdício e

às «gorduras» do Estado que garantia ser fácil e estar completamente estudada; aumentou o preço dos

transportes de forma injusta, e com isso desistiu de uma política de transportes e de incentivo ao uso de

transportes públicos; aumenta agora a taxa do IVA de 6% para 23% sobre a electricidade e o gás, desistindo