8 DE SETEMBRO DE 2011
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Mas nada poderia modificar a natureza profundamente injusta, discriminatória, gravemente atentatória do
poder de compra e da qualidade de vida de quem trabalha, que caracteriza mais esta proposta de aumentos
de impostos indirectos que penalizam sobretudo trabalhadores e as famílias dos que menos têm e menos
podem em Portugal.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de
Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Secretária de Estado, Sr. Secretário de
Estado: Disse o Sr. Secretário de Estado, na intervenção inicial, que este era um passo difícil, mas seguro.
Exactamente! É um passo difícil, porque tem uma consequência e uma implicação do ponto de vista social e
ninguém vai tentar iludir essa realidade. É um passo seguro, porque sendo necessário e sendo objecto de um
acordo com instituições internacionais que viabilizaram o financiamento do nosso Estado e da nossa
sociedade, fazemo-lo da forma mais adequada.
Vamos às várias questões colocadas: visto familiar, a questão da despesa e a questão da competitividade.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Agora é o «visto familiar»…! «Visto familiar»…!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — A questão do visto familiar vê-se na sensibilidade na
aplicação de uma medida em saber ou não saber fazer discriminação positiva.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Neste caso, são as «tias»!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não passa no visto familiar uma medida que seja
exactamente igual para uma família com dificuldades e para uma família sem essas dificuldades e com poder
de compra. É nisso que se distingue o visto familiar!
Distingue-se numa sobretaxa extraordinária que desconta por cada filho um valor específico. Decide-se
num aumento de transportes que discrimina as famílias com mais dificuldades e que faz com que numa altura
em que o preço-base aumenta, o preço para as famílias com mais dificuldades diminua. Vê-se numa tarifa de
electricidade e do gás, que aumentando para uns, pode reduzir também para outros. É aqui que se vê o visto
familiar e vê-se muito bem!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Aumentando tudo para quase todos!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Quanto à questão da despesa, Srs. Deputados, no primeiro
orçamento do Estado que este Governo vai apresentar, já consta do documento estratégico orçamental o corte
na despesa do próximo ano, de cerca de 3% do PIB, parte de metade desse corte consiste em consumos
intermédios e obras públicas, isto é, exactamente naquilo que na oposição dissemos que tinha de se cortar,
sendo um corte muito profundo. Ou seja: a coerência é também aí evidente!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Relativamente à competitividade — e dirijo-me principalmente
aos Srs. Deputados do PCP, do BE e de Os Verdes —, o problema do preço da electricidade e do gás não é o
problema do IVA nem dos impostos, como já aqui foi dito, pois é dedutível e neutro para as empresas. O
problema da competitividade consiste nos custos políticos que dispararam durante o governo do PS para
pagar um défice tarifário e uma política de energias renováveis, totalmente desfasados da realidade de um
País como o nosso.
Quisemos ter uma remuneração das energias renováveis como têm os países nórdicos, não tendo uma
economia com a capacidade de suportar esse tipo de política.