9 DE SETEMBRO DE 2011
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Podiam não ter recusado liminarmente a discussão das propostas do Sr. Presidente da República, em
matéria de tributação dos grandes patrimónios no momento da sua transmissão.
Deste período fica ainda o recurso a receitas extraordinárias, os fundos de pensões dos bancos, medida
que nada tem a ver com a determinação do desconto futuro dos trabalhadores para a segurança social. É uma
medida extraordinária para aumentar receita agora, aumentando a despesa pública durante décadas. Trata-se
de assumir para o Estado um risco que é, hoje, dos bancos, como que «nacionalizar» esse risco.
Sr.as
e Srs. Deputados, não se furtarão a explicar aos portugueses esta medida, mesmo que o Sr. Ministro
das Finanças tenha ignorado duas vezes as perguntas que lhe foram feitas na semana passada sobre esta
matéria.
Esta medida foi, aliás, conhecida ao mesmo tempo que o défice da Madeira, o qual nos foi anunciado pela
tróica. Sabemos hoje que esse défice vai já em 500 milhões de euros, uma dívida pública administrativa 65
vezes superior à da Região Autónoma dos Açores. Uma situação de crise insustentável, são as palavras do
Ministro das Finanças. Eis o resultado de 35 anos de governação do PSD naquela Região Autónoma.
Do Documento de Estratégia Orçamental sobra, finalmente, o fim do mito da consolidação pelas
«gorduras» do Estado, mesmo nos meros anúncios de intenções para os próximos anos. O que temos? Uma
consolidação essencialmente pelos impostos e pela despesa social, muito para lá da tróica. Mais de 3500
milhões de euros a mais que a tróica em medidas de consolidação em apenas dois anos, com cortes
profundos nas prestações sociais e Serviço Nacional de Saúde.
Bem sabemos que Vítor Gaspar afirmou que não foi ele que falou em «gorduras» do Estado. Pudera,
quando anuncia ao invés um ferro espetado no coração do Estado social, no coração da nossa democracia!
Aplausos do PS.
Sr.as
e Srs. Deputados da maioria, este Governo e esta maioria já não vão a tempo de causar uma boa
primeira impressão mas ainda estão muito a tempo de mudar de rumo, a bem dos portugueses. Contarão,
neste Parlamento, com a nossa oposição construtiva, com as nossas propostas, com a nossa
responsabilidade. Que da parte da maioria haja humildade para ouvir o País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr. Deputado, inscreveram-se três Deputados para pedirem
esclarecimentos. Pretende responder individualmente ou em conjunto?
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Responderei individualmente, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro
Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Marques, tomei boa nota das
frases que pronunciou há pouco sobre a governação deste Governo, particularmente sobre a acção do Sr.
Ministro das Finanças neste curto espaço de tempo de governação deste Governo do PSD e do CDS.
Os portugueses tremem de cada vez que o Ministro se dirige ao País porque em cada conferência de
imprensa há um novo aumento de impostos: primeiro foi metade do subsídio de Natal; depois, foi o aumento
do IVA e, a seguir, mais aumento do IVA.
Por isso, a cada conferência de imprensa, mais uma medida recessiva que lança Portugal ainda mais fundo
nesta espiral de recessão, aumentando ainda mais as desigualdades.
Mas não vou entrar aqui no debate que o PS terá com o Governo do PSD e do CDS sobre quem
implementa melhor ou pior este memorando da tróica, que ainda é o pilar da governação do PSD e do CDS,
apesar de eles terem já um programa novo, o «tróica +», querendo ir ainda mais longe do que a própria tróica.
No entanto, tomei nota das suas palavras acerca de uma realidade concreta que afecta o nosso País e em
relação à qual, curiosamente, só recentemente o PS mudou de opinião. Refiro-me à diferença de taxação
entre os rendimentos do trabalho e os rendimentos do capital.