I SÉRIE — NÚMERO 23
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Ao reconhecerem o Estado de Israel, quando dos acordos de Oslo, os palestinianos renunciaram aos cerca
de 78% da sua pátria de que foram despojados entre 1948 e 1949.
A única coisa que reclamam é a devolução dos cerca de 22% da Palestina que Israel conquistou em 1967
para neles criarem o seu Estado, ao lado do Estado de Israel, como foi recomendado pela Resolução 181 da
Assembléia Geral da ONU, de 29 de Novembro de 1947.
Considerando:
Os factos históricos enumerados;
Que a Faixa de Gaza é um dos territórios do mundo com maior densidade demográfica;
A consciência que todos os outros problemas de natureza política, social e militar que hoje têm lugar no
Médio Oriente estão directa ou indirectamente ligados ao problema palestiniano;
Que desde a criação do Estado de Israel, todo o conflito com a Palestina teve repercussões noutros países
árabes com sequelas mundiais;
Que o tempo das hesitações e do empurrar para mais tarde a solução deste problema crucial para a
segurança mundial, não ajuda a que o povo de Israel e da Palestina possam aspirar à paz e a um
relacionamento normal no quadro de respeito pelos direitos do homem e da dignidade dos Povos.
Assim:
1 — Exige-se a constituição de um Estado Palestiniano, livre e independente.
2 — Impõem-se que a resolução deste conflito seja mediada num quadro de Paz, de diálogo e de respeito
pela Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Por tal facto, entendemos não votar favoravelmente os projectos de resolução em apreço.
Os Deputados do PSD, Mário Simões — Sérgio Azevedo.
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Votei contra o projecto de resolução n.os
57/XII (1.ª), do BE, e 72/XII (1.ª), do PCP, não por discordar da
necessidade de haver um reconhecimento que permita à Palestina existir como Estado, mas porque este
processo é totalmente inviável sem uma negociação de um conjunto de questões centrais para a resolução
deste conflito já com muitas décadas, como a definição das fronteiras, os colonatos, os refugiados, o estatuto
de Jerusalém Oriental, a segurança ou acesso às fontes de água.
O mundo está cansado do conflito israelo-palestiniano e a iniciativa da Autoridade Palestiniana de
apresentar o pedido de reconhecimento nas Nações Unidas poderá ser o início de um futuro com muito
significado, embora não isento de riscos, como, de resto, tem acontecido ao longo dos últimos 60 anos.
Este percurso de esperanças frustradas, de avanços e recuos, terá um dia de ter um fim. Israel terá de
demonstrar maior flexibilidade, abertura e boa vontade, independentemente da necessidade inalienável do seu
direito a viver em segurança.
O grande problema é que este conflito passa para além das fronteiras de Israel e da Palestina e tem uma
influência enorme nos equilíbrios regionais e nas relações internacionais.
Perante as expectativas que foram criadas sobre a criação do Estado da Palestina até ao final de 2011 por
diversos actores internacionais, incluindo o Presidente Barack Obama, considero que a Assembleia da
República deveria ter tido uma posição diferente da que teve quando, em Fevereiro deste ano, votou uma
resolução precisamente no sentido de instar a comunidade internacional a prosseguir as negociações para a
criação do Estado da Palestina. Esse tempo esgotou-se e, entretanto, o mundo mudou muito. Hoje, a
comunidade internacional está muito mais receptiva a um maior envolvimento que ajude a pôr fim a este
conflito. É por isso que me parece justo pensar e defender um envolvimento cada vez maior da comunidade
internacional que ajuda a pôr termo a este conflito antigo e destrutivo, para que Israel e a Palestina possam
viver lado a lado em paz e segurança. Mas estou em crer que isso terá de passar obrigatoriamente pelo
regresso à mesa das negociações, com boa fé e muita vontade política.
Como nenhuma das resoluções referia a necessidade de negociações como eixo central para se alcançar
uma paz duradoura, não podia votar favoravelmente as resoluções apresentadas à discussão.
O Deputado do PS, Paulo Pisco.