I SÉRIE — NÚMERO 24
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Trata-se, portanto, no fundo, de um conjunto de preocupações que têm predominado e que têm, sobretudo,
uma função: a de criar no Estado e na sociedade um ambiente facilitador da actividade económica que gere
confiança a todos os agentes e que dê claramente o sinal de que a economia tenderá a ser mais aberta e
competitiva e não cada vez mais fechada e protegida. Este é o papel do Estado.
Quer dizer, se este conjunto de iniciativas não fosse aplicado seria o mutismo económico que dominaria as
relações sociais nos próximos anos em Portugal. E foi, como muito bem disse, esse mutismo que nos
conduziu à presente situação.
Portanto, em vez de protagonizarmos debates em que anunciamos pacotes de milhões que, umas vezes,
não são aplicados, outras vezes são o restyling de medidas já anunciadas, outras vezes fundos que não têm
afinal a cabimentação que se imaginava e que muitas vezes deixam um sabor amargo na boca, porque
deixam para futuro mais responsabilidades do que as oportunidades que criaram, precisamos de alterar
radicalmente a maneira como olhamos para a economia. É, pois, esse o regime que precisamos de alterar em
Portugal.
Ao Estado cabe pesar menos aos cidadãos e aos contribuintes, simplificar as suas actividades, colocar
regras mais simples para que as pessoas possam contribuir e dizer com absoluto empenhamento, com
absoluto cometimento, que a economia andará para a frente no nosso País se todos aqueles que têm
possibilidades, talento e engenho, em vez de quererem uma cultura de funcionalismo, quiserem promover uma
cultura de investimento, de risco, para criar oportunidades e valor.
Aplausos do PSD e CDS-PP.
É isto que temos de dizer aos portugueses.
Por isso, Sr. Deputado, assinalando estes 100 dias de Governo que se completam, posso dizer com
tranquilidade que o conjunto de medidas que foram adoptadas, a boa execução dos compromissos externos
que mereciam da parte de ex-membros do Governo a consideração de que seriam tão complexos que os
novos membros do Governo não teriam tempo nem para se sentar nas cadeiras, felizmente nem as cadeiras
perderam calor, nem a acção do Governo perdeu ritmo.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Acho que está a falar demais!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas é verdade, Sr. Deputado, que muito daquilo que fizemos — que é muito!
— sabe-nos ainda a pouco.
Portanto, não deixaremos de manter este compromisso de, em vez de andar a fazer balanços a cada par
de meses que passa, a cada dia que passa, dar um contributo para que os compromissos externos sejam
honrados e para que os portugueses percebam que os sacrifícios que o actual Governo lhes pediu, que o
anterior governo lhes endossou, que a sociedade portuguesa, no seu conjunto, sabe serem indispensáveis
para superar as dificuldades, isso será feito com diligência e com esmero. Disso poderemos orgulhar-nos a
cada 15 dias que passarem cada vez que tivermos de vir a este Parlamento dar conta da nossa acção, falar da
economia ou falar da política e da responsabilidade.
Vou concluir, Sr. Deputado, dizendo, a propósito do comentário que fez sobre a situação da Madeira, o
seguinte: saberemos sexta-feira, com rigor, qual é a situação financeira. Sabemos que ela é difícil, só pode ser
difícil, mas saberemos em concreto qual é. Não há, portanto, qualquer falsificação. Todos aqueles que, na
Madeira, forem chamados a votar saberão exactamente qual é o endosso de responsabilidades e o peso que
vão arcar para os anos seguintes.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Há uma coisa, Sr. Deputado, que este Governo não faz, nem nos Açores, nem
na Madeira, que é impor programas a instituições que são escolhidas pelos eleitores.
Vozes do PSD: — Muito bem!