I SÉRIE — NÚMERO 36
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esta: qual o valor que está em causa e em que condições será feita esta transferência? Esta transparência era
necessária a este Orçamento rectificativo e deveria ter acontecido.
Ontem, o Sr. Secretário de Estrado da Administração Pública disse-nos que este processo ainda estava
numa fase inicial, que ainda estavam a ver as partes técnicas e só depois se passava para a fase negocial.
Hoje, o Sr. Primeiro-Ministro disse, de forma inequívoca, que, inequivocamente, este Governo ou o País irá
cumprir o défice de 5,9%, dizendo, por isso, inequivocamente, que esta transferência de fundos de pensões irá
acontecer ainda em 2011. Há, pois, esclarecimentos necessários neste debate do Orçamento rectificativo.
Em primeiro lugar, o Sr. Ministro confirma que a transferência dos fundos de pensões terá um valor de
2700 milhões de euros? Em segundo lugar, como o podemos confirmar, no Orçamento do Estado para 2012,
quando os encargos financeiros e os da segurança social relativos a esta transferência não são, sequer,
conhecidos ou estimados, porque não são conhecidas as condições da transferência destes fundos de
pensões?!
Sr. Ministro, estes esclarecimentos, esta transparência, este rigor, que o Sr. Ministro tanto tem apalavrado,
faltam neste Orçamento rectificativo.
Portanto, deixo-lhe esta pergunta: qual o mistério que envolve esta transferência de fundos de pensões e
por que é que este Ministro das Finanças «foge como o diabo da cruz» do esclarecimento deste mistério?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Vera Rodrigues.
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro de Estado e das Finanças, na reunião de
ontem da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública tivemos oportunidade de fazer um
primeiro enquadramento sobre a discussão deste Orçamento rectificativo. Nesse mesmo debate, muito se
falou de equidade fiscal e assistimos, repetidamente, ao discurso da esquerda, que pretendeu fazer crer na
ausência de equidade fiscal na distribuição dos sacrifícios.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Não! Isso é o Cavaco Silva!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Estou em crer que falharam, certamente, alguns elementos da vossa
análise e o debate que tivemos provou exactamente isso.
Protestos do Deputado do PCP Honório Novo.
É precisamente nessa linha e nessa medida que é imperioso esclarecer os portugueses sobre o que está a
ser feito, o que vai ser feito e o porquê de algumas decisões que estão a ser tomadas. E podemos afirmar que,
nessa medida, a postura e a atitude que este Governo revela estão de acordo e em linha com aquela que é a
expectativa do Grupo Parlamentar do CDS, e explico porquê.
Está previsto, neste Orçamento rectificativo, que se avance desde já, e em definitivo, com a avaliação geral
dos prédios urbanos, para efeitos de ajustamento da sua tributação em sede de IMI.
Pergunto-lhe, por isso, Sr. Ministro: por que não esperar mais? Porquê avançar, ainda este ano, para essa
reavaliação, que está prevista, aliás, desde Novembro de 2003, e nunca avançou?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É para as pessoas pagarem mais!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Será que o tal equilíbrio e a tal equidade fiscal também se
conseguem obter assim? Será que a distribuição de sacrifícios por todos também encontra, neste caso, um
bom exemplo?
Por outro lado, e neste mesmo âmbito, acreditamos que este Governo também tem uma preocupação
relativamente ao caso peculiar das rendas congeladas e, por isso, Sr. Ministro, gostaria que nos dissesse de