I SÉRIE — NÚMERO 43
60
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Michael Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, o CDS
subscreve uma proposta no sentido de uma postura que esta maioria teve ao longo das semanas que
antecederam esta semana final de debate de, por um lado, reconhecer, como é evidente, que a situação do
País exige um esforço enorme aos portugueses e a todos os sectores da economia, mas que é possível fazer
um debate orçamental e apresentar propostas orçamentais com a novidade de ouvir, de facto, quem traz os
seus anseios a este Parlamento, de ouvir as propostas da oposição, tentando melhorar as propostas iniciais
sempre que isso se oferece.
Apresentamos agora duas propostas que nos parecem importantes e que nos parecem irem ao encontro
do que nos foi transmitido nas várias audições que fizemos no debate na especialidade.
Uma dessas propostas visa isentar de IVA não só os autores e as pessoas singulares, no caso dos direitos
de autor, mas também os que representem pessoas singulares.
A segunda proposta do CDS é a de garantir que as entradas em espectáculos culturais e artísticos se
mantenham na taxa intermédia do IVA.
Vozes do BE: — Subam!
Vozes do PCP: — Se mantenham?!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Os esforços são alargados, Sr.ª Presidente. Temos de os pedir a
todos. O sector cultural não fica, pois, de fora dos esforços pedidos, mas pôde-se aqui mitigar o alcance desse
esforço, garantindo, assim, também, que esses esforços sejam distribuídos de uma forma mais equitativa.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Medeiros.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, se há uma medida onde podemos
avaliar a irracionalidade de certas propostas deste Orçamento do Estado é, certamente, este aumento do IVA
nas actividades culturais.
Estas actividades não são só altamente penalizadas no que diz respeito a apoio do Estado, não só estas
actividades são altamente penalizadas pela própria recessão que este Orçamento vai fomentar, como ainda
por cima o Governo, mesmo assim, pretende receber mais qualquer coisinha, aumentando a taxa do IVA. Isto
pode significar uma quebra de 50% em todas as empresas, que têm feito um esforço notável para prosseguir a
sua actividade contra as maiores adversidades.
Por isso, o PS apresentou uma proposta no sentido de não se mexer na taxa de IVA destas actividades.
Quero ainda responder ao Sr. Deputado do CDS, dizendo-lhe que não se trata de manter o IVA na taxa
intermédia, como referiu. O que o CDS quer é subir o IVA para a taxa intermédia. Mas o PS pretende que, tal
como em outros países da Europa, o IVA das actividades culturais se mantenha na taxa mínima, já que não
pode ser totalmente isento.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, em qualquer Orçamento do
Estado, a discussão sobre o IVA não é simples. Ainda agora intervieram dois Deputados da bancada do
Partido Socialista, considerando um deles que o IVA é essencial a um sector e considerando outro que é
essencial a outro sector. E, se calhar, se todos os Deputados do PS falassem sobre a matéria, cada um
achava que «aquele sector» é que não podia estar nem na taxa intermédia, nem na taxa superior.