I SÉRIE — NÚMERO 43
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É certo que, a seguir às eleições, os senhores cortaram os
vencimentos desses mesmos funcionários públicos.
Vozes do CDS-PP: — Exactamente!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ou seja, o contexto em que esta medida foi apresentada pelo
CDS era o de um governo totalmente irresponsável que iludia o País sobre as finanças públicas.
Vozes do CDS-PP: — Exactamente!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Corrigimos a tempo, em função do vosso desgoverno. Os
senhores, pelos vistos, passadas duas legislaturas, ainda nada corrigiram, porque nem sequer perceberam o
que aconteceu.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Protestos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, é confrangedor reparar como a maioria
continua a insistir na completa irresponsabilidade e insensatez de aumentar a taxa do IVA da restauração.
Pois que tanto ouviram, pois que tanto conversaram e ainda não perceberam que estão a matar a galinha
dos ovos de ouro?
Estão a atacar directamente o maior sector exportador português, que é o turismo. Estão a atacar um dos
sectores que emprega mais mão-de-obra intensiva, numa altura em que a taxa de desemprego está a subir de
forma assustadora. Segundo a OCDE, para o ano, um em cada sete portugueses vai estar desempregado.
Os senhores matam a galinha dos ovos de ouro e são incompetentes, porque este aumento do IVA vai
provocar falências em catadupa e, portanto, não vão arrecadar mais receitas fiscais, mas perder: vão perder
no IVA que não vão conseguir cobrar; vão perder no IRC das empresas que vão entrar em falência; e vão
perder no IRS dos trabalhadores que vão ficar sem salário e sem emprego.
Esta é uma medida insensata, é uma medida incompetente. Por isso, o Bloco de Esquerda é contra o
aumento da taxa do IVA da restauração e propõe que se mantenha na taxa intermédia.
Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, uma sopa não é uma jóia.
É uma medida de sensatez manter a taxa intermédia do IVA da restauração.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho Lopes.
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, a subida da taxa do IVA para 23% na
electricidade e no gás natural, já realizada, em bens alimentares de primeira necessidade, como os óleos
alimentares e a margarina, e na restauração é uma nova brutalidade social e um novo golpe na actividade
económica. Vamos ter mais redução do poder de compra, nova contracção do mercado interno e mais
recessão. Trata-se de um novo ataque brutal às famílias de baixos e médios rendimentos e de uma nova
agressão às pequenas empresas.
Não só subiram a taxa do IRC em mais de 90% para três quartos das pequenas empresas, se esqueceram
completamente do que falaram durante anos quanto ao PEC, como agora vêm com este aumento da taxa do
IVA que põe em causa a sobrevivência de mais de 80 000 pequenas e micro empresas, que são as que
prevalecem no sector da restauração.