3 DE DEZEMBRO DE 2011
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A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, as Sr.as
Deputadas Rita Rato, do PCP,
Luísa Salgueiro, do PS, e Teresa Santos, do PSD, e o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, falou-nos da rigidez do mercado
laboral. Sr. Secretário de Estado, no nosso País existe mais de um milhão de desempregados e mais de 1,5
milhões de trabalhadores com vínculo precário! Isto mostra bem que a rigidez do mercado laboral só tem
servido os interesses do patronato, porque os trabalhadores conhecem todos os dias o desemprego e a
precariedade.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O Sr. Secretário de Estado falou-nos também da proposta do Governo no
sentido de combater a precariedade. Sr. Secretário de Estado, não é possível combater a precariedade sem
combater o desemprego e não é possível combater o desemprego sem combater a precariedade, porque,
como a seguir ao dia vem a noite, a seguir à precariedade vem o desemprego.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O Sr. Secretário de Estado sabe isto, e sabe também que um trabalhador com
vínculo precário custa menos 30% ao seu patrão do que um trabalhador com contrato efectivo. Portanto, se o
Governo estivesse, de facto, empenhado em combater o desemprego e a precariedade, o que nos vinha aqui
dizer era isto: «depois de uma necessidade temporária numa empresa, se há efectivamente necessidade de o
trabalhador lá continuar, é porque se trata de uma necessidade permanente e não de uma necessidade
temporária. Portanto, se é um posto de trabalho permanente, passa a contrato efectivo»!
O Sr. Secretário de Estado apresenta esta proposta de lei como se estivesse a fazer um favor aos
trabalhadores. Mas o que está é a fazer um favor ao grande patronato! O que o Sr. Secretário de Estado veio
dizer é que Belmiro, a Sonae, a Jerónimo Martins, a Portugal Telecom (PT) e a EDP — Energias de Portugal
têm agora possibilidade de aumentar por mais um ano e meio a precariedade destes trabalhadores sem
garantir a sua passagem a efectivo no final deste período e de impedir a entrada no quadro como efectivos de
milhares de trabalhadores. Portanto, isto não é favor nenhum para os trabalhadores, é um favor para o
patronato.
Sr. Secretário de Estado, importa aqui dizer que a teoria de que mais vale emprego precário do que
desemprego tem muito que se lhe diga, porque se se trata de necessidades permanentes, então, o que é
preciso é um contrato efectivo.
O Governo descreve, no preâmbulo desta proposta de lei, as consequências do desemprego: a
instabilidade pessoas e profissional, os custos económicos para o País. Sr. Secretário de Estado, na
precariedade acontece o mesmo: instabilidade profissional e pessoal; baixos salários; não acesso à formação
profissional; não acesso à progressão na carreira!
Sr. Secretário de Estado, esta proposta de lei nada tem de favor para os trabalhadores; é, sim, um grande
favor para o grande patronato!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Uma vez que o Sr. Secretário de Estado do Emprego informou a Mesa que pretende
responder a grupos de dois pedidos de esclarecimento, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Luísa Salgueiro.
A Sr.ª Luísa Salgueiro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, a bancada do Partido Socialista
gostaria de iniciar esta discussão deixando bem claro que faz parte da sua matriz ideológica a defesa da
estabilidade dos vínculos laborais e que continuará a ser contra medidas de precarização dos mesmos.
A proposta de lei que o Governo hoje nos apresenta, e que é justificada como sendo um regime
absolutamente excepcional, prevê a renovação extraordinária dos contratos a termo certo, permitindo que no