9 DE DEZEMBRO DE 2011
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de um acontecimento extraordinário, mas que destapa sempre as contas da segurança social. E é disso
mesmo que falamos com este negócio.
Afinal, depois de todos os planos governamentais para os 6000 milhões que transferirá, sabemos que
muito pouco irá caber à segurança social. No dia 1 de Janeiro de 2013, a segurança social terá 800 milhões de
euros para fazer face a compromissos de 5500 milhões de euros. Daqui a pouco mais de dois anos ficará bem
à vista o descalabro desta política. A data está marcada! Em Agosto de 2014 acabar-se-á o dinheiro e a partir
daí serão todos os contribuintes que passarão a assumir o buraco criado pelo PSD e CDS nas contas da
segurança social.
E este é o novo défice que este Governo cria. Um golpe profundo na sustentabilidade da segurança social.
Compreende-se! Quem sempre defendeu a privatização e a entrega da reforma dos portugueses nas mãos da
banca está a criar as condições para, daqui a uns anos, vir dizer que o sistema público de reformas não é
sustentável. É a cantiga do bandido que nunca mexeu uma palha em defesa da segurança social, que só um
sistema público de reformas, longe da especulação financeira, garante a milhões de portugueses.
Os portugueses sabem agora que, no futuro, sempre que lhes disserem que terão de trabalhar mais tempo
para que não sejam penalizados no valor das suas pensões, é a este Governo que terão de pedir
responsabilidades. Porque, em nome da sua cruzada ideológica contra tudo o que é público, este Governo não
hesitou em comprometer a rede de segurança que assegurava o futuro de todos para garantir um presente
risonho a muito poucos — os do costume, claro!
O Bloco de Esquerda considera que esta medida deve ter uma resposta em nome da sustentabilidade da
segurança social e, por isso mesmo, pedirá contas a este Governo, pelo que iremos requerer a presença do
Ministro da Segurança Social neste Parlamento para explicar este negócio, que serve aos bancos mas que
não serve ao País.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Adolfo Mesquita
Nunes, do CDS-PP, João Galamba, do PS, José Luís Ferreira, de Os Verdes, e Luís Filipe Menezes, do PSD,
sendo que o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares pretende responder um a um.
Tem a palavra o Sr. Deputado Adolfo Mesquita Nunes.
O Sr. Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, ouvimo-lo
hoje, aqui, contestar uma medida extraordinária tomada pelo Governo relativamente aos fundos de pensões.
Que esta é uma medida extraordinária o próprio Governo já o anunciou e estamos perfeitamente conscientes
da extraordinariedade que a ela nos conduziu.
Mas a pergunta que gostava de lhe fazer, tendo em conta a situação das contas públicas nacionais, é esta:
o Sr. Deputado nega o efeito que esta medida, que o Governo anunciou, vai ter na sanação das contas
públicas nacionais? O Sr. Deputado nega o efeito que, do ponto de vista da liquidez do Estado, esta medida
vai trazer para a economia portuguesa?
Recordo-lhe que considero, também eu, que esta é uma medida que é e deve ser extraordinária, por isso
não estou a questionar o carácter extraordinário da medida nem a diferença ideológica que poderemos ter
relativamente a isto, mas a pergunta clara que gostava de lhe fazer é esta: tendo em conta a situação das
contas públicas nacionais, esta é ou não uma medida que vem, do seu ponto de vista, ajudar a sanar as
contas públicas e a ganhar liquidez na economia?
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Adolfo Mesquita Nunes, agradeço-lhe a
pergunta, mas deixe-me dizer-lhe que sempre que é anunciada uma transferência de um fundo de pensões
para a segurança social essa medida é apresentada como extraordinária. Aliás, é curioso como
«extraordinário» é dos adjectivos mais utilizados por este Governo, que quer fazer um milagre, porque quer