I SÉRIE — NÚMERO 59
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O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — De facto, não se percebe como é que o País consegue viver nesta
situação, mas talvez se perceba por que chegámos a este ponto.
O que os projetos de lei do PCP e do BE enfatizam — qualquer um deles — é a questão da fuga de
capitais para outros países, mas não se interrogam por que razão isso acontece.
Vozes do CDS-PP: — Exatamente!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Temos de perceber por que é que isso acontece. De facto, algo está
mal, alguma coisa não está a funcionar.
É fundamental, em particular ao nível das pessoas coletivas, que haja estabilidade fiscal. E bem basta o
que temos de fazer neste momento, forçados pela atuação do governo do PS no passado: temos de alterar
essa estabilidade fiscal que é fundamental para o País, mas não podemos brincar com estas situações.
Apenas há meio mês entrou em vigor o novo Orçamento do Estado e, portanto, não podemos estar a alterar
de novo, neste momento, as regras de funcionamento das empresas.
A nível individual, temos consciência de que é possível as pessoas ajustarem-se e terem a flexibilidade
necessária; em termos coletivos, não é possível termos esse quadro, as empresas não podem viver nesse
quadro.
Portanto, Sr. Deputado, queria perguntar-lhe se entende que, de facto, as empresas são inimigas do País,
os grandes grupos económicos são adversários do País, ou se, pelo contrário, o que temos de fazer é
combater a fuga e a evasão fiscais, porque isso, sim, é importante e é aí que temos de centrar-nos.
Esta questão é fundamental e crucial para o País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Nuno Santos.
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — Sr.ª Presidente, o Sr. Deputado Cristóvão Crespo misturou as grandes,
pequenas e médias empresas,…
Risos do PSD e do CDS-PP.
… misturou as empresas que contribuem para o desenvolvimento do País com outras empresas que não
contribuem na mesma medida.
O Sr. Deputado mostra-se preocupado com as pequenas e médias empresas, então, explique a uma
pequena/média empresa, por exemplo, no sector do calçado, que todos os dias corre o mundo à procura de
garantir encomendas para manter a empresa aberta, que concorre, todos os dias, para contribuir
positivamente para o saldo da balança de pagamentos, por que razão ela não pode recorrer aos mesmos
esquemas de planeamento fiscal das grandes empresas, que contribuem zero para o saldo da balança de
pagamentos…
O Sr. João Galamba (PS): — Contribuem, não! É ao contrário!
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — … e que se traduzem, por exemplo, no segundo maior importador do
nosso País?!
Portanto, Sr. Deputado, estamos preocupados com a economia e com as empresas, com as pequenas e
médias empresas, com as empresas que contribuem para o saldo positivo da balança de pagamentos e para o
desenvolvimento do nosso País.
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Não se nota!
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — Sr. Deputado, quem defendeu as eurobonds foi o Presidente da
Comissão Europeia, Durão Barroso.