I SÉRIE — NÚMERO 64
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Para memória futura, gostaria, mais uma vez, nesta Casa, de assinalar, numa breve cronologia histórica, a
sanha «ferrocídia» da política de direita de sucessivos governos do PSD, CDS-PP e PS, mas não tenho
tempo. Resta-me um grito de raiva, indignação e protesto, e a continuação da luta.
Uma viva saudação aos peticionários «Em Defesa da Linha do Tua», magnífico exemplo de resistência,
persistência e intervenção cidadã.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Juntos, saberemos continuar a luta pelas linhas férreas de Trás-os-
Montes e Alto Douro, contra o encerramento da própria região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Mota Andrade.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Em nome da bancada do Partido Socialista,
começo por lamentar o acidente hoje ocorrido na obra da barragem de Foz Tua.
Sobre os dois projetos de resolução em debate, que pretendem suspender a barragem de Foz Tua, quero
começar por afirmar que o Partido Socialista não acompanha esses projetos.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Convém lembrar que a barragem do Foz Tua está integrada no plano
nacional de barragens, o qual foi executado depois de avaliada a componente ambiental de 25 lugares pré-
definidos onde o potencial hídrico existia. Desses 25, foram selecionados 10. Um deles é o local da barragem
de Foz Tua. Mas não é um local qualquer, porque essa barragem será a barragem que mais energia irá
produzir desse plano nacional de barragens, e energia limpa.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
Irá diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, melhorando, assim, a nossa balança comercial.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Não é verdade!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Mas, para além do mais, essa barragem também será um reservatório de
água para regularizar a cascata do Douro.
Srs. Deputados, é possível compatibilizar a execução desta barragem com o Douro Património Mundial.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
A execução desta barragem irá submergir, Sr.ª Presidente, 18 km de linha. Quanto aos restantes
quilómetros que vão até à cidade de Bragança, quero aqui dizer que o transporte ferroviário é um transporte
pesado, que só se justifica quando existem muitas mercadorias e muitas pessoas para transportar. Não é isso,
infelizmente, o que acontece no distrito de Bragança.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Se continuam assim, nem vão ter lá mais ninguém!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Assim, como o Sr. Deputado Hélder Amaral já disse, e muito bem, a
viabilidade económica da linha não existe, não é possível.
Porém, quero lembrar que, para aquele distrito se ter desenvolvido e ter potencialidades futuras, o anterior
governo fez, sim, os investimentos necessários, que foram o IC5, o IP2 e a autoestrada transmontana, que
estão em fase final de construção.