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23 DE FEVEREIRO DE 2012

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governo grego assinou um acordo que sabe ser impossível cumprir. Na verdade, não houve qualquer acordo

mas, sim, a imposição brutal das decisões do eixo alemão e a humilhação punitiva da Grécia e do seu povo.

A farsa que teve lugar em Bruxelas mata a ideia da solidariedade entre os países europeus e, de uma só

assentada, atira a democracia e a soberania popular na Grécia para uma edição especial do Canal Memória.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!

O Sr. João Semedo (BE): — A presença em Atenas de uma missão permanente da missão da Comissão

Europeia, que vigiará o orçamento, as privatizações e o enésimo plano de despedimentos e austeridade,

significa que a Europa deixou de ser uma união entre Estados soberanos e iguais nos seus direitos e deveres.

Quando o ministro das finanças alemão se permite a afronta de perorar sobre qual será a melhor data para

as eleições na Grécia percebemos que a obsessão com a austeridade não representa apenas o suicídio

económico e o fim do emprego da Europa, mas também o «caldo político» onde grassa o autoritarismo mais

gratuito, que se arrisca a soltar velhos fantasmas de péssima memória no continente.

Pouco importa que, com a trajetória da economia grega, já se calcule que, em 2020, a Grécia vá continuar

a dever os mesmos 160% do PIB que hoje deve, bem longe dos 120% do PIB anunciados e prometidos pelos

clones da Sr.ª Merkel. É esse exatamente o problema que enfrenta hoje Portugal.

A austeridade brutal que arruinou a economia grega, atirando a Grécia para o «abraço de urso» da

chantagem alemã e da hipoteca da democracia durante mais de uma década, é a mesma política que, se nada

for feito, vai atirar Portugal pelo mesmo caminho.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!

O Sr. João Semedo (BE): — Basta ver os números, Sr.as

e Srs. Deputados! Em 2011, fomos o País cuja

dívida mais aumentou — 18 pontos percentuais. É este o resultado do Memorando assinado com a troica.

Portugal é o País da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em conjunto

com a Espanha, onde o desemprego mais aumenta, sendo que, como sabem, Sr.as

e Srs. Deputados, já temos

mais de um milhão de cidadãos sem emprego. Se tudo o mais ficasse constante e se a recessão não tornasse

mais complicado o controlo das contas públicas, só o impacto desta recessão acumulada em 2011 e 2012

significaria um agravamento de três pontos no nosso endividamento. Mais pobres, sem emprego e muito mais

endividados, e tudo isto, Sr.as

e Srs. Deputados, para, no fim do plano, estarmos com uma dívida maior em 40

000 milhões de euros. É este o resultado da política de um Governo que, perante as críticas a este absurdo

sem sentido, ainda nos chama piegas.

Sr.as

e Srs. Deputados, um em cada sete portugueses não encontra trabalho; um em cada três jovens está

desempregado; 1000 pessoas perderam o seu emprego em cada dia dos últimos três meses do ano passado;

os impostos aumentam mas, apesar disso, a receita fiscal afunda-se. É este o retrato de uma economia

parada, na qual alguns setores económicos, como é o caso do ramo automóvel e da construção civil, já se

encontram à beira da implosão. É este o resultado da obsessão com a austeridade.

Imune a todos os dados e à realidade do País, diz-nos o Governo que em 2013 é que vai ser bom. Há 36

dias que o Ministro das Finanças viu, e, pelos vistos, continua a ver, o «ponto de viragem» na nossa

economia. É caso para dizer, parafraseando o mesmo Ministro, Vítor Gaspar, que entre o «ponto» e a

«viragem» há outras palavras que não foram, no entanto, ditas pelo Ministro. Entre o «ponto» e a «viragem»

estão o desemprego, a recessão, mais dívida, mais pobreza e maior austeridade.

Aplausos do BE.

O Governo reage como aquela pessoa que vê um clarão ao fundo do túnel e que, julgando tratar-se da luz

ao fundo do túnel, se atira de cabeça para a dianteira do comboio. É este o caminho para onde se arrasta o

País.

Sr.as

e Srs. Deputados, o veneno, seja servido às colheres ou bebido pelo frasco, tem sempre o mesmo

resultado. A questão que temos pela frente não é, portanto, a de saber se a austeridade mitigada e aos

bocados resolve os problemas do País mas, sim, a de saber como nos libertamos desta espiral de

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