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15 DE MARÇO DE 2012

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O Sr. João Oliveira (PCP): — Para o CDS, os filmes portugueses não são cultura, os de Hollywood é que

são!

A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — A petição e o projeto de resolução do PCP partem de um

pressuposto com o qual não concordamos: a cultura está apenas dependente do Estado. No nosso entender,

ao Estado compete ser facilitador da cultura e não o principal financiador, o que faria aumentar o seu potencial

determinismo sobre a atividade cultural.

Neste aspeto, concordamos, aliás, com o PCP, quando este diz que «O Estado não é programador cultural

(…) mas é o garante da liberdade de criação e, consequentemente, de programação».

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Consideramos que o importante é diversificar as fontes de

financiamento para o sector artístico, de modo a que este fique cada vez menos refém do apoio estatal.

Protestos do PCP.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Então, é o Governo que diz o que é arte e o que não é arte!

A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Ora, esta petição e este projeto de resolução do PCP, apesar

de serem inquestionáveis, as suas boas intenções (parecem-me boas intenções) vão no sentido inverso,

alimentando essa dependência, razão pela qual não poderíamos subscrever nenhum dos documentos.

Um outro aspeto, que está esquecido na petição e em todos os projetos de resolução, é o público. Importa

salientar que a cultura tem um valor inestimável para a sociedade, mas apenas o tem se a sociedade usufruir

dela. Caso contrário, independentemente do seu valor artístico, não terá valor para a sociedade que com ela

não contacta. Isto parece-me óbvio! A distância entre a atividade cultural e o público é gritante e é um dos

obstáculos ao desenvolvimento do sector.

Note-se que não se trata de hierarquizar as obras culturais em função das audiências mas, sim, de insistir

no facto de que este ato tem de ser levado em conta quando o Estado define um critério para a atribuição de

financiamento.

Acreditamos que é neste sentido, tanto na autonomia do sector como na sua proximidade com o público,

que a Secretaria de Estado da Cultura tem de trabalhar.

Quanto ao projeto de resolução do Bloco de Esquerda, que pede maior ação por parte da Secretaria de

Estado, no sentido de garantir maior aproveitamento dos fundos comunitários, é de referir que o projeto de

resolução, embora também cheio de boas intenções, não traz nenhuma novidade, não propõe nada de

concreto que não seja já a parte integrante de qualquer ação governativa na área cultura.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

Protestos do PCP e do BE.

A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Se calhar, o que fundamenta este projeto de resolução é o

facto de o Bloco de Esquerda, legitimamente, considerar que a Secretaria de Estado da Cultura não está a

fazer o seu trabalho e, por isso, achar necessário recomendar à Secretaria de Estado que faça um bom

trabalho. Achamos isto legítimo, no entanto, não concordamos e, como tal, também não podemos subscrever

este projeto de resolução.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de

Medeiros.