O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16 DE MARÇO DE 2012

7

Duas horas depois de ser claro que vários partidos tinham as assinaturas necessárias para forçar a mesma

comissão que o PSD tinha inviabilizado, com a prestimosa abstenção do CDS, e já a maioria de direita tinha o

texto para fazer a comissão que antes rejeitara.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — A auditoria do Tribunal de Contas, essa, agora não parece interessar nada

ao PSD e ao CDS. Era uma mera desculpa instrumental, como bem se percebe.

Tanta pressa não tem nada a ver com uma vontade acrescida da direita em conhecer o que se passou no

BPN, mas em criar ruído e instalar a confusão que permita descredibilizar a comissão de inquérito antes

mesmo de esta começar.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Não estamos a falar de um assunto menor, mas de um buraco financeiro

onde os cidadãos viram desbaratado mais dinheiro do que aquele que Passos Coelho e Paulo Portas lhes

tiraram nos subsídios de férias e de Natal.

Aplausos do BE.

Não nos iludamos, portanto. Com esta cortina de fumo, PSD e CDS apenas pretendem descredibilizar os

trabalhos da comissão de inquérito. Vale a pena lembrar que tudo aquilo que sabemos sobre o que se passou

no caso de polícia em que se tornou a gestão de Oliveira e Costa e Dias Loureiro se deve ao trabalho,

reconhecido por todos, da comissão parlamentar de inquérito à nacionalização do BPN.

Onde antes a direita invocava a necessidade de só se avançar depois da auditoria, agora a referência é a

venda do BPN ao BIC. Meros pretextos para quem, como o CDS e o PSD, nada mais pretendem do que adiar

a comissão para as calendas e evitar o conhecimento público de uma privatização em que o Estado entrega

ao BIC mais de 1000 milhões de euros para o banco do ex-ministro do PSD, Mira Amaral, comprar o BPN por

40 milhões. Tamanha generosidade tem apenas um nome: um negócio de favor.

Aplausos do BE.

O BPN laranja tornou-se no BIC laranja. A história, afinal, repete-se; primeiro como tragédia e depois como

farsa.

Sr.as

Deputadas e Srs. Deputados: Com este estratagema da maioria de direita a disputarem a corrida para

ver quem aparece primeiro, PSD e CDS tornaram a discussão sobre o BPN também numa discussão sobre

direitos fundamentais, consagrados no Regimento da Assembleia da República.

Vejamos: num curto espaço de tempo, é a segunda vez que os partidos que suportam o Governo colocam

em causa o direito potestativo previsto no Regimento desta Casa.

Não estamos a falar de um direito abstruso, mas do respeito democrático pelas oposições, porque o direito

potestativo foi criado para impedir que uma maioria circunstancial de Deputados bloqueie a fiscalização

preventiva e política dos atos do Governo.

Termino esta declaração com a frase final que o Bloco de Esquerda proferiu nesta mesma Sala há duas

semanas: «A comissão de inquérito é uma necessidade inadiável. Estamos certos que ela vai acabar por ter

lugar. Os portugueses não compreenderiam que quem pode constituí-la o não fizesse».

É isso mesmo que, três semanas depois, está em causa: realizar uma comissão de inquérito que averigue

de uma ponta à outra o que se passou realmente, no BPN, sem véus, sem cortinas, sem estratagemas, em

tempo útil — acrescento.

Aplausos do BE.