I SÉRIE — NÚMERO 87
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segurança social, para salvar os lucros milionários dos grupos económicos e financeiros. É um pacto de
agressão comprometido com esses interesses, em prejuízo do povo e dos trabalhadores.
Aplausos do PCP.
Não é de estranhar, por isso, o receio dos partidos da direita em relação à greve geral que acontecerá
amanhã. A direita e o Governo sabem que os alvos das suas políticas não vão aceitar de braços cruzados os
ataques que lhes dirigem e temem a mobilização e a luta dos trabalhadores, porque sabem que é dela que
depende a derrota do pacto de agressão e do Governo.
A direita e o Governo sabem que o País não está condenado a este caminho de desastre e que há
alternativas que cada vez mais se impõem como inevitáveis. Sabem que a renegociação da dívida, a rejeição
das imposições do pacto orçamental, a valorização dos salários, das pensões e dos direitos de quem trabalha,
a defesa da soberania nacional e de uma política económica assente na valorização da produção nacional são
a única alternativa para a resolução dos problemas nacionais.
E, Srs. Deputados do Partido Socialista, não somos nós quem se engana no adversário. O PS é que se
engana nos aliados que encontra à direita e com quem aprovou, nos últimos anos, Orçamentos do Estado e
Planos de Estabilidade e Crescimento (PEC) e com quem acompanha, agora, a concretização do pacto de
agressão.
Aplausos do PCP.
Note-se, aliás, que neste debate, que decorreu durante duas horas nesta Assembleia da República, da
parte do Partido Socialista não houve sequer uma única palavra para criticar e pôr na devida conta as
propostas verdadeiramente inaceitáveis deste Governo em relação às alterações à legislação laboral.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Tendo estado hoje a confrontar o
Governo com as consequências das suas políticas, os Deputados do PCP estarão amanhã junto dos
trabalhadores a construir uma grande greve geral, porque sabemos que é preciso responsabilizar o Governo
pelo crescente afundamento do País, mas é também preciso despertar consciências e mobilizar vontades para
derrotar este pacto de agressão, custe o que custar, sob pena de o pacto derrotar o povo e o País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Ministro da
Solidariedade e da Segurança Social.
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social (Pedro Mota Soares): — Sr. Presidente, Sr.as
e
Srs. Deputados: Julgo que todos tínhamos a consciência, antes e durante a negociação do Memorando, que a
sua aplicação não seria fácil. Sabíamo-lo na altura, como o sabemos hoje. Não será fácil para nenhum dos
portugueses.
Mas sabíamos que, face à situação em que o País se encontrava, essa seria a única solução, pois de outra
forma o Estado não poderia continuar a cumprir com as suas principais obrigações: não poderia salvaguardar
os mais desprotegidos, não poderia combater a exclusão social, pagar prestações sociais, pagar sequer
pensões ou tão-pouco ordenados.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
E aí, sim, estaríamos numa situação impossível de suportar.
O Memorando foi necessário porque tínhamos um défice a hipotecar o futuro; uma despesa pública a
onerar o presente; e uma dívida a descredibilizar o País.